domingo, 16 de novembro de 2008

Um livro por dia: PARA ALÉM DO INFINITO



Em 1985, a Via Óptima dava à estampa, também no Porto, uma nova antologia de contos fantásticos, reunidos sob o título PARA ALÉM DO INFINITO "e outras histórias espantosas". Tal como PESADELO GALÁCTICO, esta antologia foi impressa na Gráfica Firmeza, do Porto, e não identifica o compilador. No entanto, sem qualquer informação adicional, a ficha técnica do livro refere que esta é uma segunda edição, tendo a primeira tido lugar em 1976 por mãos da Editora Nova Crítica...

O eterno recomeço de um género sem passado manifesta-se também no revestir de antigas edições com novas capas e novos títulos. E, neste caso, literalmente: esta nova edição de PESADELO GALÁCTICO, apenas difere na capa e na contra-capa; no demais, é uma reprodução fiel da edição anterior, desde a magnífica ilustração inicial (e única do volume) do inconfundível Virgil Finlay, à disposição do texto, gralhas, grafismo e número de páginas. O mesmo índice que na edição anterior remetia para um Prefácio na página 7 - prefácio inexistente, numa e noutra edição - repete-se aqui sem qualquer alteração.

O que mudou, sim, foi o texto de contracapa, desta feita ilustrado com reproduções de capas de três revistas pulp, o qual refere a importância de tais publicações para a consolidação do fantástico (aqui referido como "literatura de imaginação") e reconhece o principal motor da multiplicação de publicações e autores um pouco por todo o mundo: o cinema.

É um texto demasiado breve para ser suficientemente informativo, mas isento dos blurbs berrantes, do apelo à identificação dos autores com outros porventura mais comerciais, possui uma sobriedade e uma dignidade que não tardarão a desaparecer. Gosto sobretudo (a um nível pessoal, ainda que não objectivo) desta referência ao fantástico como sendo a "literatura de imaginação". É marca do reconhecimento de que a literatura fantástica (mais do que a simples literatura de género), acrescenta algo à realidade tal como a conhecemos, respondendo por via desse acrescento, dessa dádiva enriquecedora, à mera representção que vamos encontrar na literatura mimética ou mainstream. Chamem-lhe sense of wonder se quiserem, mas é a verdadeira definição do específico carácter da espécie humana.


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