quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Um livro por dia: GUERRA NA GALÁXIA



Edmond Hamilton é uma das figuras de proa na História da Ficção Científica, tendo estado presente desde o momento do nascimento do género em 1926 até à sua morte em 1977. Como todos os autores que escreveram na era das revistas pulp deixou-nos um conjunto de obras desiguais, mas imbuídas de um entusiasmo que deixava perceber a grande inteligência do autor. Frequentemente associado às aventuras do Captain Future, de que assinou 24 das 27 publicadas, foi um dos principais contribuidores da célebre Weird Tales, para além de efectuar várias incursões por outros géneros como o policial e o horror.

The Star Kings, publicada originalmente em 1949, é uma das suas space operas mais conhecidas, e recebe em português o título GUERRA NA GALÁXIA aquando da sua publicação (presumo que em 1972) pela Brasília Editora. Ora, no meu post anterior, referi como o título original que a editora fornecia para VIAGEM AO INFINITO de Poul Anderson (afinal, Star Ways) era Star King's. A publicação deste tomo, poderia vir por termo ao caos gerado pelo volume anterior, não fosse por um facto curioso: é que o texto do presente volume corresponde à tradução brasileira (da autoria de Jeronymo Monteiro e T. Monteiro Deutsh) de... Les Rois des Étoiles, edição francesa de The Star Kings de Hamilton.

A influência do panorama editorial francês na Ficção Científica - sobretudo nos anos sessenta e setenta, antes dea França se começar a fechar na sua concha autista - é notória: foram os franceses os primeiros a reconhecer o mérito de Philip K. Dick ou Philip José Farmer, e tiveram em Jacques Saddoul (que escreveu uma interessante hisória da FC entre 1911 e 1984), para além de uma produção própria invejável. Portugal, acometido como sempre foi do francesismo de que já Eça o acusava, não se fez peco em beber da fonte próxima - tão próxima quanto grande parte da nossa população emigrou para lá nesse período. Apesar da recente abolição das fronteiras, nunca a variedade editorial se aproximou anto do que foi nos anos sessenta e setenta, onde (quase) todas as colecções ostentavam pelo menos um par de títulos franceses, checos, polacos, ou russos.

Ignoro qual a relação entre França e o Brasil neste período, e é provável que editoras como a Brasília dividissem o seu mercado com o Brasil, partilhando traduções como forma de diminuir os custos editoriais. Também por esta altura, era frequente encontrarem-se por cá edições brasileiras de ficção científica (recordo-me particularmente da colecção da Bruguera) e mesmo livros de autores brasileiros. O que bem demonstra como desde essa época Portugal tem mantido um retrocesso constante e obstinado em questões culturais.

E pensar que há quem hoje se queixe da globalização...


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