sábado, 28 de junho de 2008

A Arte das Palavras


Bruce Holland Rogers tem apenas um livro traduzido para português, o premiado The Keyhole Opera (Pequenos Mistérios, pela Livros de Areia), um perfeito mostruário da arte de bem escrever. Rogers, que esteve presente no último Fórum Fantástico (realizado em Novembro de 2007), cativou todos aqueles que o ouviram discorrer sobre a escrita, a criatividade e a literatura. Para muitos, Rogers, que completa este ano uns redondos 50 anos, será a epítome do autor completo: ciente da técnica da escrita, escritor disciplinado, reconhecido pensador da génese da criatividade e motivação, orador de dons quase hipnóticos, elegant dresser e conversador fascinante. Além disso, consegue dar um novo sentido ao que habitualmente designamos como realismo mágico, atravessando com facilidade as barreiras que compartimentalizam (mais ou menos artificialmente) os géneros e o mainstream, servindo-se do fantástico para apimentar e enriquecer uma escrita que faz empalidecer muitos dos consagrados contistas miméticos.

Embora tenha escrito tie-ins sob o pseudónimo de Hanovi Braddock, romances cor-de-rosa a coberto da máscara de Brenda Holland e mesmo romances eróticos como Bryan Speare, foi na escrita de ficção curta e super-curta (short-short-short-stories) ou micro-ficção que Rogers cedo trepou ao pico e não encontrou ainda quem o desalojasse. Mestre em espartilhar a sua escrita com artifícios formais que estrangulariam a criatividade da maioria dos seus pares (as simetrinas são um exemplo disso), Rogers trata as palavras como escravas, levando-as a fazer tudo o que ele quer; mas, ao contrário de um normal esclavagista, quando termina com elas deixou-as mais ricas, mais belas, mais próximas do arquétipo de perenidade a que toda a escrita aspira.

Bruce Holland Rogers vai estar em Lisboa, entre os próximos dias 16 e 18 de Julho, a convite da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, para leccionar um Curso de Escrita Criativa (no âmbito dos Cursos de Verão promovidos por aquela universidade). O curso compõe-se de 3 dias de aulas presenciais (face-to-face), de 16 a 18 de Julho, e continua com exercícios e feedback contínuo pela internet até 2 de Agosto.

O seu livro Word Work: Surviving and Thriving as a Writer (Invisible Cities Press, 2002) devia ser de leitura obrigatória para os jovens escritores de todo o mundo, e de leitura compulsiva para todos os escritores portugueses da escola umbiguista/urbano depressiva (sim, Pedro Paixão, Gonçalo M. Tavares, Peixoto e quejandos...). Para os outros, para os que pretendem iniciar uma carreira nas letras (seja como escritores, críticos, editores) ou até para os meros leitores que estejam interessados em aprender a descortinar the arts and crafts que ajudaram a criar aquele livro que lhes deu tanto prazer ao ler, este Curso de Verão de Bruce Holland Rogers é uma oportunidade que não é permitido desperdiçar.

Depois não digam que eu não avisei. Os interessados devem contactar o Dr. Ricardo Marques, da Secção de Estudos Ingleses e Norte-Americanos (Gabinete 15 - Bloco B1, Avenida de Berna, nº26-C, 1069-061 Lisboa, Tel: 21 790 83 00, Fax: 21 790 83 08, ricardo.marques@fcsh.unl.pt). Obrigatório: nível de conhecimentos de inglês C1 e ligação à internet.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

A Antevisão do Inferno: MOTELX - The Sequel


Para os entusiastas do Fantástico, o Verão começa a escaldar. Até o demónio deve estar com calores. Logo a abrir Julho, George R.R. Martin e Bruce Holland Rogers vão estar em Lisboa para partilhar connosco alguns dos segredos que lhes permitem dominar as palavras com mestria suficiente para construir mundos fabulosos com tão frágeis materiais.

Mas ainda antes de Junho chegar ao fim, o Cineclube de Terror de Lisboa convida-nos para provar umas entradas para o que promete ser o prato principal a ser servido entre 3 e 7 de Setembro no cinema S. Jorge: o ansiado MOTELx 2008 (2ª Edição). Assim, os entusiastas do cinema de horror francês (que vive também um certo renascimento, embora não comparável com o imparável Espanhol) poderão degustar, já na próxima segunda-feira, dia 30, no Institut Franco-Portugais de Lisboa o clássico de Henri-Georges Clouzot Les Diaboliques (1955) - baseado no romance Celle Qui n'Était Plus da dupla Boileau-Narcejac (incomparavelmente superior ao remake de Jeremiah S. Chechick de 1996) - e Ils (2006), um dos mais bem conseguidos esforços de siege movies mais recentes, superiorizando-se com facilidade sobre outros de colheita californiana, como o Panic Room de Fincher e Cold Creek Manor de Mike Figgis. Ils, porém, supostamente baseado em factos verídicos, é melhor saboreado a frio (se o vão ver e ainda não viram, é melhor enfrentarem a criatura sem ideias pré-formadas e sem qualquer indício do que vão encontrar), pelo que reservarei um comentário mais extenso para depois do acontecimento.

Portanto, caríssimos, as portas do Inferno já estão entreabertas... falta apenas o empurrãozinho da vossa presença em todos estes eventos para que eles se possam tornar recorrentes e incontornáveis.

domingo, 22 de junho de 2008

50 Doors into SF 03: Damn you all to Hell!


A par de 1984 e 1977, 1968 foi, sem dúvida, um dos melhores anos para o cinema de FC. 2001: A Space Odyssey, Barbarella e Planet of the Apes, são apenas três clássicos imperecíveis e inultrapassáveis, cada um deles rompendo novos caminhos dentro do género e ajudando simultaneamente a elevar a ficção científica acima do carácter juvenil que a marcara nos anos 50 e 60, e mostrando que era capaz de ombrear com as obras propugnadas pelos teóricos (depois práticos) que nidificavam na Cahiers du Cinema.

Apenas vi Planet of the Apes na televisão, e mesmo aí, limitada pelas dimensões modestas da pequena caixa, a obra-prima de Franklin J. Schaffner é marcante. Abandonando o pretensiosismo bem francês da obra de Pierre Boule em se baseou, Schaffner incute à história do astronauta George Taylor (Charlton Heston, num dos seus papéis mais iconográficos) num planeta onde os macacos são senhores e o homem um mero animal, uma dose de humor satírico e carradas de sentimento não sacarino que, aliados às magníficas máscaras de John Chambers, tornam o filme uma parábola de insuspeita acutilância.

Não é à toa que o argumento conta com a colaboração de Rod Serling que, tal como fizera durante anos na série que o imortalizou (The Twilight Zone, 1959-1964), relativiza de forma soberba os valores que temos por adquiridos, levando-nos habilmente a tomar o partido dos macacos, obrigando-nos a considerar de não seria melhor um mundo governado por eles, antes de o confirmar com aquela magnífica última imagem, que nos fica gravada na retina e na memória (individual e colectiva).

E hoje, 40 anos após a sua estreia, ainda não perdeu nenhuma da sua força.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

R.I.P. Stan Winston (1946-2008)


Assim desfere a morte os seus golpes mais inesperados. Stan Winston, um dos magos dos efeitos especiais, vencedor de quatro óscares e referência incontornável no panorama do cinema fantástico em todas as suas vertentes (produtor, realizador, argumentista, efeitos de maquilhagem e efeitos especiais, actor), faleceu ontem depois de sete anos de luta contra um mieloma.

De físico invejável [são várias as fotos que o mostram a comparar os bíceps com os de Schwarzenegger nos sets de Terminator (1984) e Terminator 2 (1992)], nunca tornou pública a doença que o consumia, embora tivesse reduzido o número de filmes em que trabalhava. São assim os gigantes, combatem sozinhos e em silêncio.

Quis o destino que tivesse que dar esta notícia depois de ter referido aqui um dos filmes que mais me marcou e onde Stan Winston foi Assistente de Realização. É sempre surpreendente verificar como nos dói a morte daqueles que nunca chegamos a conhecer, mas que são autores dos sonhos que fazem de nós aquilo que somos.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

50 Doors into SF 02: O Braço do Terminator


Por razões óbvias, 1984 foi um ano ímpar na produção de cinema de Ficção Científica. Sob a sombra de Orwell, no auge da Guerra Fria, são vários os títulos a invadir os cinemas, desde a inevitável adaptação cinematográfica do 1984 (Michael Radford), aos devaneios crísticos de Starman (Carpenter), as fantasias paranóicas de Red Dawn (John Milius) ou a space opera adolescente de The Last Starfighter (Nick Castle). Nem Portugal ficou isento ao entusiasmo, tendo a Cinemateca organizado o Grande Ciclo do Cinema de Ficção Científica, evento que, pela primeira vez, trouxe à ribalta um jovem trintão chamado João Barreiros.

Em 1984, ao sentar-me num cinema em Olhão durante as férias de Verão para ver um filme chamado The Terminator (James Cameron), não fazia menor ideia de quem era Orwell (que era muito falado em todos os lados) e pouco tinha lido de FC que não os tie-in da Galáctica (memoráveis adapatações de Robert Thurston e Nicholas Yermakov, publicadas pela Europa-América) e de Flash Gordon (do próprio Raymond).

Duas horas depois, saía do cinema com uma nova perspectiva do mundo. Voltei mais duas vezes para ver o filme nessa mesma semana. Hoje, The Terminator é um clássico de culto, uma obra incontornável dos cânones cinematográficos da FC, mas naquela altura, naquele ano, para mim, foi uma autêntica revolução, idêntica à que Star Wars e King Kong me tinham causado em 1976 e 1977 e Superman em 1978.

Obviamente, o filme tem momentos inesquecíveis: a materialização do exterminador, nu, em torno do entulho que rodopia; a forma como repete as frases ("nice night for a walk") do grupo de heavies; o coração arrancado do peito; a forma metódica como parte à caça de Sarah Connor; o assalto à esquadra de polícia ("I'll be back"), as perseguições imparáveis; o magnífico esqueleto cromado a que fica reduzido no final, tudo pontilhado pela obcecante composição de Brad Fiedel.

Schwarzenegger (que escolheu o papel depois de lhe ter sido proposto o de Kyle Reese), tem aqui a sua melhor prestação de sempre. A fotografia de Adam Greenberg fez com que durante anos o meu sonho fosse viver em Los Angeles.

Mas uma imagem ficou-me para sempre gravada na retina, tanto pelo que mostrava, como pelo que dizia: o Terminator, no quarto de um pardieiro sujo, a abrir o braço com um bisturi, despindo os servo-mecanismos a necessitar de reparação. É uma imagem que não precisa de palavras para transmitir a amplitude da ameaça que paira sobre a humanidade: uma máquina imparável, semi-indestrutível, impossível de identificar a olho nu, e que tem a capacidade de auto-diagnóstico e auto-reparação. Ao mesmo tempo a localização de uma tal maravilha técnica num cenário de degradação urbana e humana, parece querer picar-nos, como quem diz, "não seria melhor deixar as máquinas governar? É a este lixo que vocês querem chegar?". Ao mesmo tempo que o laser que transforma o olho ferido da máquina num tição incandescente, invoca o imaginário colectivo de uma dezena de demónios de outros filmes anteriores (com especial destaque, The Amityville Horror).

domingo, 1 de junho de 2008

50 Doors into SF 01: A Perna de Marilyn




Monkey Business (Howard Hawks, 1952) é um dos filmes que tenho memória de ver na TV, algures entre os últimos anos da primária e o primeiro ano do ciclo. Na altura, pouco do filme me ficou na cabeça: apenas a caótica e final batalha campal no laboratório, e a perna de Marilyn Monroe, inesperadamente exposta como o sol a romper pelas nuvens. Na altura não sabia ainda quem era Marylin Monroe, a actriz ou o ícone cultural. Era apenas um rosto deslumbrante, uma voz melodiosa e uma perna estonteante.


Muitos não consideram o filme ficção científica, apesar de todo ele (uma das primeiras comédias americanas modernas) assentar nas confusões provocadas por uma fórmula rejuvenescedora que, ao invés de verdadeira juventude, permite apenas um retrocesso na idade mental (à excepção de Marilyn, a mais jovem do elenco, todos os personagens acabam por ingerir a fórmula num ou noutro momento, comportando-se da forma mais patética possível). Cary Grant é o Dr. Barnaby Fulton, inventor das meias virtualmente indestrutíveis que realçam as pernas da vácua secretária loura, Lois, e que motivam aquele inspirador vislumbre. O diálogo, durante a cena, é puro Hawks, rico em duplos sentidos e inocente picardia:

Isn't it wonderful? (Despindo inesperadamente a perna)
I beg your pardon?
The nonrip stockings you invented.

Oh The N41 acetate project.
This is an experimetal pair, the first out of the factory. Aren't you proud?
Turned out rather well.
I'll say. You can't tear'em or snag'em or anything, no matter how hard you try. You'd be amazed doctor.
Oh, no I wouldn't. I've done a lot of experimenting with these kind of thing. But I'm through with all of that now.

Marilyn Monroe ainda não era o símbolo da América dos anos 50 em que se viria a tornar mais tarde, mas exibia já o misto de inocência e sensualidade que a colocariam sempre longe do alcance das suas rivais mais directas, Jayne Mansfield e Mamie Van Doren. Monroe, cuja vida foi como uma vela ao vento (palavras de Sir Elton) faleceu em 5 de Agosto de 1962. Se tivesse vivido num mundo melhor, faria precisamente hoje 82 anos.


Happy birthday, kid, wherever you are.

50 Doors into Science Fiction


São aquelas pequenas coisas do acaso...

Durante uma conversa teclada um destes dias, eu e a Safaa começamos a recordar os filmes e as séries dos anos 80, vistos pelo prisma da idade que nos separa. Curiosamente, aquelas séries que me levaram a ler ficção científica, tiveram nela um efeito contrário.

Ao matutar nisto, apercebi-me de que, em termos literários, sou relativamente new comer às lides da ficção científica, género que comecei a ler bastante tarde (as minhas primeiras incursões sérias - ie, não tie-ins, datam de 1991, ano em que comecei a ler Asimov; só em 1994 me tornei devorador compulsivo de ficção científica). Aquilo que me arrastou para o género, por incrível que pareça, foram os filmes e as séries de televisão, vistos sem critério, no cinema ou em casa, desde mui tenra idade. Ora, todos sabemos que é muito raro encontrar um bom filme de FC feito depois de 1977, pelo menos tão difícil como encontrá-los antes de 1968. Mas é fácil encontrar muita scifi que prepare o intelecto para coisas melhores.

Olhando para trás, apercebo-me de imagens que me ficaram gravadas na mente: imagens por vezes estranhas, outras eróticas, outras sinistras, quase todas dotadas daquela concreta irrealidade que as tornam pouco menos que fabulosas. Se há filmes que desde a primeira vez que os vi me ficaram na cabeça [The Terminator (1984), Barbarella (1968), Star Wars (1977)], de outros ficaram-me apenas sensações [Brazil (1985), Battle Beyond the Sun (1960) ou Forbidden World (1982)]. Sobretudo, de muitos filmes e de outras tantas séries, ficaram-me imagens. E não era Susan Sontag quem dizia a certo passo que é no cinema de ficção científica que uma simples imagem melhor permite compreender um filme?

Pois bem, nos próximos 50 dias, quero partilhar convosco cinquenta imagens da ficção científica que foram, para mim, outras tantas portas para o género. Por isso, não sejam tímidos: comentem o que acham dos filmes/séries de onde elas foram retiradas e, se quiserem, partilhem comigo aquelas que foram as portas que vos permitiram entrar neste mundo fantástico.

Vou postar as imagens sem qualquer critério que não o do fluir da memória, pelo que a sua ordenação não representará as minhas preferências ou qualquer cronologia válida. Em muitos casos, revendo as fontes dessas imagens, apercebo-me da medíocre qualidade daquilo que via... mas que querem, o coração não escolhe razões.

Assim, sem mais delongas, que porta de entrada para o mundo da ficção científica pode ser mais convidativa do que a perna de Marilyn Monroe?


The Road Ahead


O Blade Runner faz hoje 11 meses. OK, não é propriamente um aniversário, mas também nunca fui pessoa para celebrar números redondos. Gosto mais dos capicuas e prefiro o 29 de Fevereiro ao 31 de Dezembro. Mas não posso deixar de observar que este é apenas o meu 55º post (outro capicua), o que revela uma média de actividade de apenas 5 posts por mês. Muito aquém daqueles que eram os meus objectivos.

A verdade, porém, é que um blogue como este vive nos interstícios dos compromissos profissionais, incerto entre o carácter de cometário da actualidade dos géneros de que tanto gostamos, ou de fonte de referência para o conhecimento e interpretação desses mesmos géneros. Com cinco posts por mês, não consegue ser nem uma coisa nem outra.

E, sobretudo, tem falhado naquilo em que devia ter conquistado o seu espaço, ou seja, como veículo para a publicação de críticas mais aprofundadas das obras mais importantes do fantástico que vão surgindo nas nossas prateleiras, e que não encontram espaço (por questões editoriais, ou por falta desse mesmo espaço) nas revistas e secções literárias dos jornais.

Aliás, as críticas a livros foram escasseando ultimamente, pois o tempo que é exigido para a leitura atenta e a redacção de uma crítica capaz, a livros que chegam a ter mais de quatrocentas páginas é, também ele, escasso. Dividido entre as leituras para a OS MEUS LIVROS, a pesquisa de material para a minha própria escrita e a necessária actualização das fontes documentais, escasseia-me o tempo para a leitura por mero prazer.

Visitando os sites/blogues de outros autores, nacionais e estrangeiros, constata-se o mesmo facto: escassez de publicação durante os períodos de maior trabalho e, nalguns casos, a pura e simples desistência dos blogues.

E, no entanto, o interesse em manter um blogue ainda não se desvaneceu.

Ocorreu-me, então, combinar o problema com a solução, e começar a escrever aqui no blogue sobre aquilo em que vou trabalhando. Calma, isso não quer dizer transformar o Blade Runner num daqueles entediantes diários que vão polvilhando a net: "Ai, esta semana escrevi dez páginas. Acho que cinco saíram muito bem, quatro precisam de revisão, e a outra deitei-a fora. Estou mortinho que leiam o que escrevi..." Nada disso.

Simplesmente, vou convidar-vos para um ano um bocado atípico, um ano um pouco mais temático e em que nos dispersaremos um bocado menos. Os projectos que me ocupam neste momento, em termos de escrita e de ensaio, centram-se sobretudo naquilo que costumamos designar por pulp fiction. Assim, e se tiverem paciência para isso, 2008 será um ano em que dedicaremos um bocado mais de atenção a esse tipo de narrativa e suas manifestações literárias e cinematográficas, testando as diferenças entre o que podemos designar por neo-pulp e retro-pulp (uma definição algo pessoal, e que explorarei com um pouco mais de pormenor no próximo número da BANG!).

Debruçar-nos-emos sobre alguns textos clássicos (Edgar Rice Burroughs, Lester Dent, Kenneth Robeson), visitaremos alguns seriados cinematográficos e televisivos (Buck Rogers, Flash Gordon, Lost City, Jungle Jim, etc...) e exploraremos o que une, o que separa e o que caracteriza algumas obras mais recentes, como as antologias de Chris Robeson, Michael Chabon, Joe R. Landsdale, o New Weird, ou as obras de Ian Flemming e Clive Cussler, fazendo mesmo alguns desvios pela BD de Alex Raymond, Howard Chaykin ou Alan Moore.

As prometidas (e malogradas) midnight sessions terão um carácter absolutamente esporádico mas, para os amantes do cinema fantástico, terei uma surpresa lá mais para final do mês.

De momento, são estes os planos. Mas, para funcionarem, é imprescindível que vocês - sim, vocês que estão aí e que perdem algum do vosso tempo a ler-me - não fiquem calados e me continuem a dar as vossas opiniões, seja aqui nos comentários, seja através de mail.

Então, até já.