sábado, 21 de março de 2009

O Círculo de Leibowitz: THE CENTAURI DEVICE (M. John Harrison, 1975)





Millenium, London, 2000
205 páginas

ISBN: 1-85798-997-X



The Centauri Device é um livro que por todos os ditames da lógica e do bom senso não devia ter envelhecido com tal elegância. O tempo que passou, inclemente na correcção dos futuros visionados pela ficção científica, devia ter-lhe arredondado as arestas, polido a superfície agreste até lhe retirar qualquer ângulo cortante. Devia tê-lo emasculado. Trinta e cinco anos acumulam um impressionante potencial entrópico. E no entanto, segundo romance apenas de um então jovem autor que juraria mais tarde abandonar para sempre a literatura de género apenas para regressar, qual filho pródigo, com novas mutações literárias, The Centauri Device é como uma peneira perante o vento: desgaste mínimo, durabilidade máxima. E o vento é uma presença constante nas escassas páginas deste soberbo exercício literário – um meio de fazer confluir personagem, narrativa e significado, uma chave para descodificar o universo literário de M. John Harrison. Em The Centauri Device, devemos prestar ao vento a importância que em The Committed Men (1971) era devida à chuva, sempre presente, mas nunca vista. Porque o vento é, afinal, o espírito, e num universo onde deus não passa de uma ilusão humana, o espírito não é mais do que o resultado das forças incontroláveis e imprevisíveis que nos arrastam como outrora às caravelas perdidas na tempestade. Ou não disse o próprio M. John Harrison que o tema central da sua obra é a “alienação, a sensação de que somos turistas na nossa própria vida, a diferença entre acção autêntica e acção inautêntica”.

Truck shrugged. Events would carry him: it was left to him only to discover in which direction” (p.20). Truck, John Truck de seu nome, é o protagonista desta história impulsionada pelos ventos do acaso cósmico, um ex-soldado que não tem muitos mais degraus a percorrer na longa escada que leva ao fundo do barril da vida. É um fracassado, e como todos os fracassados destila filosofia por cada poro; e é um cínico (mas se lhe perguntarem, dirá que não), e como todos os cínicos, é um romântico. E como todos os românticos fracassados, vê-se confrontado com a responsabilidade de mudar o mundo – é o que os românticos mais desejam, o que os fracassados mais temem. Encolhido na carapaça da poeticamente baptizada My Ella Speed, uma nave de carga que comprou com os ganhos acumulados enquanto militar e delapidados à medida que ia sendo enganado por uns e por outros, Truck é um referente (como o do conto de Bradbury, sim), deixando que sejam os outros a definir aquilo que ele é, aquilo que ele diz ser, uma incógnita, uma máscara maleável, uma cifra. Não podemos acreditar em tudo que ele nos diz, em nada do que dele nos dizem. Mas o universo possui um sentido de ironia que só as vastidões infinitas de espaço e de tempo podem proporcionar, e John Truck vê-se certo dia convertido no centro das atenções de toda a gente: quis o acaso que ele fosse o último dos Centaurianos, uma raça que em vésperas de aperfeiçoamento da arma suprema desiste inexplicavelmente de combater as forças terrestres sitiantes e se deixa aniquilar com a passividade que mais tarde caracterizaria a vida de Truck (mesmo a sua principal afirmação política é passiva, tal como Pater, o líder anarquista e avatar de Moorcock – ou talvez de Jerry Cornelius – lhe observa, mordaz: "So far, you have saved the Galaxy immense pain solely by your own selfishness! (…) …all you’ve done so far is to run away from people you don’t much like” (p.77-78).

Porque Truck é o único capaz de activar uma bomba consciente que os Centaurianos deixaram abandonada nas ruínas do seu planeta – o engenho que dá título ao livro, o Engenho Centauriano. Um bomba que é disputada pelo Israel World Government, pelas United Arab Socialist Republics e pela seita de ascendência católica dos Openers (uma das mais brilhantes sátiras religiosas que alguma vez surgiram na história da literatura). E assim, John Truck vê-se subitamente colocado na pouco invejável posição de não ter nada para dar a quem dele exige. Ele é o gatilho da mais poderosa arma do universo, a rachadela que sobressai da mais perfeita escultura, a negação na estética absoluta. Capturado, não pode ceder sem se anular completamente, em fuga não tem onde se esconder do ímpeto dos acontecimentos.

Se a narrativa de The Centauri Device corresponde à estrutura de uma convencional space opera, onde não faltam contrabandistas, batalhas espaciais (magnificamente imaginadas na amplitude das deflagrações silenciosas), entradas e saída do espaço linear para zonas que a física remete para a nossa imaginação, a forma constitui uma afirmação em si mesma de uma intenção literária, de um manifesto de princípios que modificou inapelavelmente o desenvolvimento do género. Um exercício de virtuosidade que não está ao alcance de qualquer um. Em 1989, no texto de apresentação de Harrison incluído no Helicon Programme Book, John Clute referiu que “From the very first his (Harrison) originality lay not in the exploration of new forms and habitats for speculative fiction, but in his corrosive repossession of the old”, e se aqui reproduzo essa sua síntese do método Harrisoniano (se o podemos considerar método, e não instinto) é porque é a que melhor traduz a essência desta peculiar ópera espacial.

Porém, para melhor saborear esta reformulação dos tropos familiares de um dos subgéneros estruturantes da ficção científica, importa não perder de vista que The Centauri Device foi escrito no apogeu da chamada New Wave, movimento sem manifesto de que M. John Harrison foi um dos principais expoentes. Desde logo a dicotomia Israelo-Árabe, as referências aos corpos a serem carregados em naves-caixão em Canes Vanatici (Vietnam), a estética anárquica dos homens de Swinburne Sinclair-Pater (a pop culture dos anos 60/70 por excelência), remetem para uma datação histórico-cultural inconfundível. As experimentações literárias da New Wave ambicionavam uma identificação entre arte e comentário político, propunham uma unificação estética decadentista, impunham uma leitura musical do texto. O espírito de Jerry Cornelius percorre as páginas desta novela como o vento percorre as ruelas de Sad al Bari IV, assobiando uma ária ao mesmo tempo apoteótica e final.

Atente-se (um exemplo entre muitos) na descrição da tripulação de Pater em acção: “They trailed loops of cable from portable computing facilities, calling off queries and co-ordinates in a rising chant. A subsonic ground bass reverberated through the body cavities; other voices chattered and decayed in the foreground like the cries of autistic children heard in a dream.” (p.83); o ritmo da escrita é musical, tal como as referências que se repetem uma e outra vez (a par das referências religiosas, com o cântico a fazer a ponte entre ambas). No límpido barroco da escrita de Harrison, encontramos uma fascinante transmutação da space opera em pura Ópera, um ritual codificado onde o velho e o familiar se reveste de novas formas, cores e expressões. Truck é um código, um código genético único, a chave que permite abrir uma arca de segredos inesperados, é – se o quisermos – a própria password do universo. Talvez por isso seja tão adequado que ele nunca compreenda os demais códigos com que se depara, que constantemente se perca na geografia labiríntica de significados que não estão ao seu alcance, porque ele se encontra numa outra frequência, numa outra harmónica.

Ao fim e ao cabo, a música também é um código, mais uma das manifestações da necessidade de organização que domina o cérebro humano. Todas as personagens em The Centauri Device apresentam uma face oculta, uma área de sombras que não é possível penetrar ao primeiro contacto. E Harrison, o demiurgo deste universo que nos esconde também a sua lógica (mas que está lá, tão firme, segura e coerente como a tabela periódica), brinca connosco, afastando o tapete de sombras sempre um pouco mais dos nossos dedos curiosos: “’Then perhaps as we might consider mirrors’ she teased, and secret languages surfaced in her eyes” (p.101) ou “His diabolic or malefic avatar lurked just beneath his eyelids, peeping out but endeavouring to remain unobserved” (p.105).

Suprema ironia a que Harrison constrói na sua seita dos Openers, com as suas janelas de plástico abertas na derme para expor a verdade interior ao deus católico que tudo devia saber, que tudo devia ver. Uma fé tão transparente, tão pré-glastnost, tão louca, que leva os Grão-Mestres a tentar viver imóveis para todo o sempre em corpos de vidro que expõem a visceral crueza dos processos orgânicos, onde a alma é literalmente comparada às dobras intestinais. Imóveis e à escuta da música das esferas que permite chegar a deus; mas a Ópera filosófica e científica e niilista de Harrison ecoa melancólica pelo universo vazio, antecipando em mais de duas décadas a construção da religião e da espiritualidade seculares que tentou com o seu mais recente díptico Light (2002) e Nova Swing (2007), uma espiritualidade na qual “mathematics, the complexity that lies behind everything is, as it were, the guiding, moving principle but it is not anthropomorfic: it’s not God, it’s just there by accident, it’s a billion, billion accidents happening every second to produce what we see” (entrevista com MJH, SFX 01/2007).

The Centauri Device é um livro ímpar. É um livro imerso no seu tempo e, no entanto, de uma abrangência intemporal. É uma amálgama cultural, um dissolver progressivo das várias fronteiras e identidades. É uma anedota, uma saborosa ironia. Num tal cenário – tão semelhantes são o início e o fim das civilizações – apenas o indivíduo conta, apenas o indivíduo pode marcar uma posição. Apenas o indivíduo pode mudar o mundo… ou pôr-lhe fim. Escutemos o vento que geme em cada página deste livro, jubilemos com o crescendo operático com que uma sociedade niilista procura ultrapassar o ennui que a paralisa, desfrutemos da poesia da escrita de Harrison – uma prosa de uma elegância absoluta… só assim podemos compreender todo o impacto do silêncio final.



Outras leituras podem ser encontradas no CÍRCULO DE LEIBOWITZ:

quinta-feira, 19 de março de 2009

Uma nova canção


A CANÇÃO DE KALI, primeiro romance de Dan Simmons, é um livro ímpar no género do fantástico. É um daqueles títulos que integra inevitavelmente qualquer lista das obras de referência, e fá-lo de pleno direito. E é um livro que não é desconhecido do público português, tendo já merecido uma primeira edição pela Clássica em 1993 , e voltando a ser reeditado pela Saída de Emergência em 2005, em ambos os casos com tradução de João Barreiros.

Pois bem, chega amanhã, dia 20, às bancas uma nova edição da Saída de Emergência, comemorativa dos 25 anos da edição original da obra, surgida pela primeira vez em 1985. Esta nova edição, que apresenta um grafismo bastante apelativo (e ao qual a digitalização que ilustra este post não faz a devida justiça) inclui um prefácio de minha autoria e um posfácio de João Barreiros.

Simmons, estranhamente, não tem mais nenhum dos seus livros traduzido para português (embora a Saída de Emergência vá também publicar muito brevemente o CLUBE DE PATIFES, tradução do excelente THE CROOK FACTORY), daí que no meu texto introdutório tenha procurado contextualizar a obra na carreira do autor e na evolução do género em geral. Já o João Barreiros, recorrendo mais uma vez à sua quase sobrenatural capacidade de interpretação do fantástico, demonstra como A CANÇÃO DE KALI continua a ser um texto determinante e actual volvido quase um quarto de século desde a sua publicação.

Para aqueles que ainda não tiveram oportunidade de ler um livro de horror que o é abertamente ao mesmo tempo que transcende os limites do próprio género, esta é uma excelente ocasião para o fazer. E aqueles que já adquiriram uma ou outra as edições anteriores, podem agora, se assim o quizerem, fazer o hat trick das edições nacionais e, ao mesmo tempo, desfrutar (ou não) dos novos textos que abrem e fecham o volume.

terça-feira, 10 de março de 2009

É impressão minha...


...ou os blogues mais interessantes continuam a ser aqueles cujos autores não se deixaram seduzir pelo patético fenómeno do Twitter?

É fascinante observar que as metes sãs que ainda não sucumbiram ao grasnar constante dos esfomeados da fama e da presença no mundo percebem a comunidade twitter como algo animalesco. Desde o início que a coisa se me afigurou mais ou menos como um imenso aviário; Pacheco Pereira, certeiro como sempre, vê-a mais como um peixe. E é pertinente citar alguns excertos:

A ideia de que esses mecanismos trazem uma nova “sociabilidade”, é inteiramente
contestável, a não ser que se seja estudante do sétimo ano e se descobrir ao
mesmo tempo e com todo o deslumbramento o mundo aditivo dos teenagers, drogas, sexo e rock and roll, que eu espero não seja a “sociabilidade” dos deputados da nação. Mas adultos? Adultos que representam a nação, a passarem o tempo a trocar trivialidades, bocas e picardias numa linguagem apenas um degrau acima dos SMS,
gutural e primitiva, em 140 caracteres e que acham que isso é “sociabilidade”?Espero bem que não enfileirem numa forma de falar, ou pior ainda de pensar, que tem a característica de fazer crescer o primata que há em nós. Nem sequer o primata, mas o anfíbio, o peixe ancestral que abre e fecha a boca num mar profundo.

Mas se querem realmente uma boa razão para abandonar mais esse devorador de tempo, encontram-na aqui, no Brian Unger's Exploring The Darker Side Of Tweets and Twitter (basta clicar em The Unger Report e uma vez na página clicar Listen Now):


O link e a imagem que ilustra este post foram subrepticiamente subtraídos daqui.

segunda-feira, 2 de março de 2009

O Círculo de Leibowitz


Quando é que deixou de falar-se sobre livros? Quando é que a discussão dos livros que lemos deixou de ser primordial na actividade do fandom? O que é que levou as várias listas e fóruns de discussão dedicados ao Fantástico a transformarem-se em meros repositórios de tricas, links acríticos, ódiozinhos de estimação, reproduções de conteúdos de terceiros, opiniões ocas e conversas bacocas?

O surgimento da blogosfera, que parecia potenciar a discussão de ideias, serviu paradoxalmente para aprofundar o umbiguismo que sempre caracterizou a actividade cultural lusa em geral e nos géneros da FC, Horror e Fantasia em particular. A nova moda do Twitter - microblogging, for God's sake! - parece-me ser mais um golpe fatal no desafio cada vez maior que é construir e expor uma linha de raciocínio coerente e lógica, por contraponto à ilusória eficácia da máxima e do dito espirituoso (se ao menos o fosse)...

Em parte para ajudar a preencher esta lacuna, e em parte numa tentativa de ajudar a renascer o velho prazer de uma conversa animada sobre livros, servindo-nos dos instrumentos que a Internet e a Blogosfera nos proporcionam, resolvemos criar o CÍRCULO DE LEIBOWITZ: uma tertúlia bloguística em torno de livros, um clube de leitura on-line, com o intuito de ler, trocar impressões, discutir, esmiuçar, mas sobretudo desfrutar daquelas que são as grandes obras do Fantástico, em língua original ou traduzidas, clássicos de boa-memória ou pequenos objectos de culto pessoal, livros esquecidos ou os mais recentes best-sellers, ao ritmo de um por mês.

O que é então, o CÍRCULO DE LEIBOWITZ?

Uma iniciativa conjunta de vários blogues (o Blade Runner, o Stranger in a Strange Land da Safaa Dib, o Inner Space do Nuno Fonseca, o veterano Efeitos Secundários do Luís Filipe Silva e o Rascunhos da Cristina Alves) de criação de um "clube de leitura" que todos os meses analisará - numa crítica mais ou menos aprofundada - um mesmo livro, assim proporcionando uma perspectiva multifacetada da mesma obra, abrindo um debate e uma troca de opiniões sobre o livro e as respostas necessariamente díspares que ele tenha provocado nos intervenientes.

Para isso, é importante a participação de todos, e se os membros iniciais do CÍRCULO DE LEIBOWITZ têm como principal papel a obrigação de produzirem essa crítica mensal, queremos que o máximo de leitores, fãs, entusiastas do género, ou meros admiradores de uma obra ou de um autor, se juntem a nós.

Como funcionará, então, esta iniciativa?

É simples: no dia 1 (um) de cada mês será anunciado o título do livro objecto de análise. Mais tarde, no dia 21 (vinte e um), dando tempo à sua leitura, todos os blogues pertencentes ao Círculo publicarão a sua crítica, seguindo-se até ao último dia do mês, um debate mais ou menos alargado sobre o livro, quer em posts sucessivos, quer nas caixas de comentários dos diversos blogues.

Parece-lhes interessante? Gostavam de participar? Pois nós também queremos que participem. Como? Ainda mais simples. Se tiver um blogue, junte-se a nós: basta publicar a sua crítica (um texto que não precisa de ser exaustivo, entre as 500 e as 1000 palavras, sendo este apenas um valor de referência e não um valor absoluto - na verdade, não colocamos limites) no dia 21, e enviar o respectivo link para o meu endereço de e-mail (joao.seixas@gmail.com). Todos os links serão colocados nos blogues do CÍRCULO DE LEIBOWITZ. Se não tiver um blogue, ou não lhe apetecer escrever um texto mais apurado ou aprofundado sobre o livro escolhido, pode participar no debate subsequente, em qualquer dos blogues participantes, ou em todos eles.

Simples, não é?

Então, antes de passar a anunciar a primeira escolha para a inauguração desta iniciativa, impõe-se um especial agradecimento ao Ricardo Loureiro que, impossibilitado para já de se juntar a nós, foi o responsável pela inspirada escolha do nome.

E assim, without further ado, a primeira escolha do CÍRCULO DE LEIBOWITZ, cujas críticas serão publicadas no dia 21 de Março, é:

domingo, 1 de março de 2009

I'm Back


Exactamente três meses sem um único post...

E o mais estranho de tudo... gostei. Gostei de não ter mais uma obrigação para cumprir, de não ter uma vozinha a murmurar-me atrás da orelha que era preciso actualizar o blogue... E depois a necessidade de voltar a escrever nele. Acho que foi saudável este interregno. Ajudou-me a reperspectivar as coisas, permitiu-me pôr em ordem assuntos por terminar, concluir as minhas décima e décima primeira traduções... sobretudo, a perceber o que quero deste blogue, sobretudo ao pegar nele numa altura em que o que está na berra é esse execrável fenómeno do Twitter, com todos os "twatters" a fazerem-me lembrar uma multidão de pintainhos, cada um a tentar gritar mais alto do que os outros, em busca da minhoquinha de uma efémera fama. Tentaram-se seduzir para isso, tentei obrigar-me a aderir... mas é demasiado vácuo, fátuo e flátuo para me conseguir fisgar...

Ainda sou dos que gostam de ler informação com sumo, ideias que vão para além do dichote com mais piada do que substância, espaço para elaborar um discurso com tronco, cabeça e membros.

Que esperar, então, do Blade Runner para os próximos tempos?

Antes de mais, uma maior variedade temática: falar de séries de TV, filmes e livros, maioritariamente mas não exclusivamente pertencentes aos géneros do fantástico. Tentar manter uma maior constância de críticas, e retomar as midnight sessions. Sobretudo, tentar trazer mais e mais variada informação, se, porém permitir que o blogue se transforme na minha actividade principal. Estes quatro meses de trabalho quase exclusivo na tradução e na advocacia, não me permitira escrever uma única linha: A ALMA DO LOUVA-A-DEUS continua por terminar, tal como os ZEPPELINS SOBRE LISBOA. Em contrapartida, outros projectos descolaram e consolidaram-se neste interregno, e um deles, ainda surpresa, chegará às bancas em Junho deste ano (knock on wood).

Portanto, caros leitores - e desde já quero agradecer a todos aqueles que ao longo deste período me incentivaram a regressar ao blogue, e manifestaram por ele um entusiasmo que eu próprio por vezes senti fraquejar, pessoalmente e por mail - podem esperar a partir de agora actualização mais frequentes, menos abundantes, mas todas elas merecedoras de trabalho, pesquisa e dedicação. Num ano como 2009 - que como todos os anos que precedem o terminar de uma década, são cheios de efemérides, como se os acontecimentos se atropelassem em busca do centro do palco, de um espaço na memória colectiva - muito haverá de que falar. 40 anos volvidos sobre a alunagem da Apollo XI, 50 sobre a revolução Cubana, 200 sobre o nascimento de Darwin e 15o sobre a publicação da Origem das Espécies; 20 sobre a queda do Muro de Berlim, 80 sobre o crash bolsista, trinta sobre a revolução no Irão, duzentos sobre o nascimento de Poe e 160 sobre a sua morte, 70 sobre o início da Segunda Guerra Mundial e muitos outros de menor memória mas não menos importância...

Oportunidade para falarmos de história alternativa da Segunda Guerra Mundial, das célebres adaptações das obras de Poe assinadas por Roger Corman nos tempos áureos da sua AIP, para além de visitarmos filmes e livros, dos mais recentes aos mais clássicos, dos mais celebrados aos mais desconhecidos.

E, nada melhor para recomeçar esta nova fase de actividade do que falar-vos e convidar-vos a participar no CÍRCULO DE LEIBOWITZ.

Mas isso, é uma história para amanhã...
Nota: A imagem que ilustra este post foi encontrada em http://stencilrevolution.com/photopost/data/501/