segunda-feira, 4 de abril de 2011

Brincar à literatura



Se a afirmação do Fábio Ventura, no pobre contexto editorial português, não é inteiramente repreensível, o desenvolvimento pelo qual ele optou suscita outras questões que merecem ser apontadas; logo após a reacção do David, o Fábio Ventura adiantou um mea culpa no seu blogue explicitando aquilo que, ao que parece, não teria conseguido dizer na polémica resposta. E o que o Fábio Ventura escreve é o seguinte (ênfase minha): “Não quis, de modo algum, dizer que o género Fantástico é um género menor, para os mais inexperientes ou que não requer rigor ou seriedade. Quando refiro a "experiência de vida" refiro-me a maturidade suficiente para escrever um livro onde as relações entre as personagens adquirem uma profundidade que eu, aos 22-23 anos, não consigo representar. O erro da resposta está na generalização do género Fantástico. Eu referia-me ao tipo de Fantástico presente nos meus dois livros, dirigidos a um público juvenil, com uma escrita leve e, vá lá, mais comercial. Mas é no tratamento da história e das personagens, fortemente baseadas numa imaginação mais surrealista e idealista e cujas relações são de uma certa ingenuidade tipicamente juvenil, que realmente admito que não tenho experiencia de vida suficiente para torná-las mais densas e maduras. (…)

Como é de bom-tom em Portugal, logo que o pecador adianta uma palavra de arrependimento, erguem-se hossanas e ecoam revoadas de palmadinhas nas costas, e como não podia deixar de ser, este caso não foi diferente, tendo a própria Andreia Torres ajudado a sacudir a caspa dos ombros do incipiente autor. No entanto, a leitura atenta da “desculpa” do Fábio Ventura revela antes uma realidade bem distinta: o que Ventura faz é ceder o osso para ficar com o bife. Ninguém – nem o David – apontou ao Fábio Ventura apenas imaturidade no tratamento das personagens. O David chegou mesmo a deixar entender que o díptico Órbias não passa de mera fanfiction da série de animação Sailor Moon, fanfiction essa marcada por uma total falta de originalidade, incompetência na escrita, e ignorância quanto à forma como se estrutura uma narrativa (isto já sou eu a dizer, para que não restem dúvidas). Se o Fábio recorre à desculpa que apresentou, procurando redireccionar as suas palavras do fantástico em geral, para aquilo que ele apelida, com a mesma inconsequência impensada que parece dedicar a tudo o que escreve, “o tipo de Fantástico presente nos meus dois livros”, não muda sequer uma vírgula àquilo que escreveu. É que o Fantástico presente nos seus livros, não é diferente daquele presente nos livros do David. Como o David escreveu no seu post, “O Fantástico é. Ponto.” E não basta tentar ocultar o que se disse por trás de vacuidades sem sentido como a afirmação de que a narrativa e as personagens são “fortemente baseadas numa imaginação mais surrealista e idealista” (seja lá isso o que for).

Tanto mais que isso é, pura e simplesmente, mentira. Uma mentira com que o Fábio procura ocultar uma linha de pensamento que lhe é comum e que deixa transparecer em várias das entrevistas que vai reproduzindo no seu blogue. O que o Fábio vem dizer à laia de desculpa é que não acha que o Fantástico seja um género para autores e leitores em experiência de vida, mas que os seus próprios livros o são. Como ele próprio afirma em resposta a um dos comentários ao seu texto, “Como disse no post, a minha intenção nunca foi denegrir o Fantástico nem sequer tenho essa opinião de que é literatura juvenil. A resposta vinha no seguimento do que estava a falar sobre as minhas obras e os elementos de Fantástico presentes nelas.” Só que, lendo a entrevista, aquilo que ele vinha dizendo sobre as suas obras era precisamente o oposto do que ele agora pretende transmitir; mormente, que, uma das diferenças do segundo volume em relação ao primeiro é precisamente “o enfoque nas personagens e nas suas relações, uma vez que o primeiro volume focou mais a sua apresentação e a do mundo de Orbias. Penso que está mais sombrio e maduro que o primeiro livro, mas foi uma evolução natural”.

Sucede que em entrevista ao blogue O Homem do Fraque, Fábio Ventura tinha isto a dizer quanto à imaturidade do primeiro volume, e ao seu carácter intencional (mais uma vez, a ênfase é acrescentada por mim): “Eu escrevi uma primeira versão do Orbias e tentei a minha sorte com as editoras. Na altura não tive sorte porque percebi mais tarde que aquela versão estava realmente fraca e revelava muita imaturidade de escrita. Dois anos depois, voltei a pegar na história e reescrevi-a totalmente. Diria que houve uma transformação de 200%.” Respondendo à observação de que as críticas apontavam para o facto de que as personagens do primeiro livro eram superficiais, o autor responde: “Realmente, a maior parte das personagens não foi muito bem desenvolvida no primeiro livro. Mas não foi uma "falha" completamente inocente. A minha intenção com este primeiro volume era apresentar as personagens, o mundo de Orbias e o conflito e iniciar um processo e crescimento e evolução das personagens principais que culminarão no final do segundo volume. Daí as personagens poderem parecer mais "superficiais"(…) Desde o início que a minha intenção com este segundo volume era focar o desenvolvimento das personagens e as suas relações.(…) Tomei alguns riscos com algumas personagens, nomeadamente com o Sebastian e Lorelei, mas penso que essa melhoria do tratamento das personagens colaborou da melhor forma numa melhoria generalizada da história de Orbias.

Ou seja, o que o Fábio Ventura faz à laia de “desculpa”, é pegar nas críticas que lhe eram apontadas ao primeiro volume do seu díptico, que o David nem sequer referira e que ele acabara de afirmar (ao mesmo tempo) corrigidas e intencionais, e apontá-las como sendo a (única) falha do seu trabalho, fingindo, porém, responder à questão essencial da sua resposta amaldiçoada: se considera ou não o Fantástico um género “de e para os jovens”, ideal para os escritores que “não têm muita experiência de vida”.

Ora, no mesmo comentário no seu blogue, o Fábio Ventura, traindo um pouco a insinceridade da sua “desculpa”, afirma que já publicou “dezenas de entrevistas aqui no blog e não foi a primeira vez que respondi a esta pergunta. Por isso, achei um pouco injusto todo o debate e acusações que surgiram após uma simples frase mal interpretada.” Na verdade, de todas as entrevistas que publicou no seu blogue, apenas em duas outras lhe foi colocada a mesma pergunta, tendo ele respondido que “O fantástico é o meu género de eleição. Mas gostaria de explorar outros géneros. Não só para não tornar a minha carreira monótona, mas porque queria explorar a minha criatividade e ganhar alguma experiência na escrita.”, coincidindo com uma outra resposta similar ao blogue D’Magia, mas onde desta feita se nota mais a veia calculista que ele procura ocultar. Perguntado se alguma vez pensou escrever outro tipo de livros, respondeu: “Sim, mas a longo prazo. A verdade é que não é boa estratégia mudar repentinamente de género ou de estilo porque dá muito trabalho fidelizar um público, não convêm perde-lo logo a seguir. Espero ir mudando aos poucos. O meu objectivo é tornar a minha carreira o mais versátil possível, mas aos poucos e com sensatez.

Quando falo em veia calculista, não quero acusar o Fábio de um cinismo que sei não ter. O cinismo exige uma inteligência mais sofisticada do que a que deixa transparecer nas suas entrevistas e posts, mas o calculismo de alguém que ainda “não se sente” escritor, e que por isso, vai dando a impressão de brincar à Literatura.

Mas como responder então à questão central da sua polémica resposta? Pois bem, não sei se o Fábio Ventura pensa ou não que o Fantástico é um género (ou um conjunto de géneros) juvenil e desenvolvido por autores jovens e sem experiência de vida. No entanto, acredito que sim, que é essa a sua opinião. Primeiro porque nas suas entrevistas há uma ideia que se repete uma e outra vez: “o meu público-alvo é os jovens” (sic), os leitores de Stephenie Meyer e aqueles que se lembram de Sailor Moon. Mas isso, só por si não basta; de que ele escreve para um público infantil, não restam dúvidas, mas será que o facto de se considerar um autor de juveniles permite, só por si, confirmar a afirmação que ele agora procura invalidar? Talvez não, mas a somar-se à flagrante mentira com que se justifica, encontramos uma outra afirmação sua que permite encerrar o círculo: “Penso que o meu livro trouxe uma nova essência à literatura fantástica portuguesa que fazia falta. E uma vez que o meu livro foi tão bem sucedido, acredito que outras editoras se sintam mais seguras para dar oportunidades a outros jovens autores. Temos tão bons talentos em Portugal! Gostava que o nosso “grupo” crescesse, principalmente porque a literatura só tem a ganhar com as visões originais e refrescantes de autores mais jovens. E quando digo “jovem”, falo da casa dos 20 e não da casa dos 30 como a imprensa refere…

Parece-me, assim, que a visão que o Fábio Ventura tem do Fantástico é aquela a que deu voz na sua resposta amaldiçoada, justificando plenamente tudo o que o David escreveu e mais as sete pragas do Egipto. Mas posto isto, perguntar-se-ão os que habitualmente lêem este blogue porquê perder tanto tempo com uma questão insignificante, sobre o autor de dois livros que mal figurarão como notas de rodapé na história da literatura infanto-juvenil portuguesa?

Por três ordens de razões: a primeira para demonstrar que até aqueles que se mostram mais atentos aos pontapés nas virilhas do Fantástico que estes “jovens” autores vão desferindo a contento, como a Andreia Torres, se podem deixar enganar pelos falsos gestos de boa vontade; em segundo lugar, para deixar bem clara a minha posição nessa polémica, uma vez que à data, por imperativos profissionais, não pude nela participar; mas, sobretudo, porque a “desculpa” do Fábio Ventura, parece ser mais voltada para a qualidade do que escreve, do que propriamente para a sua afirmação. Se antes os elementos do “nosso grupo”, se defendiam contra os ataques dos “invejosos” dizendo “nós escrevemos tão bem como eles”, agora a defesa parece ser “nós havemos de escrever tão bem como eles; se escrevemos maus livros agora é porque ainda não temos suficiente maturidade”.

E os seus livros, os livros do “nosso grupo”, os livros dos Fábios Venturas, dos Victor Frazões, das Carlas Ribeiro, dos Pedros Venturas, dos Rafaéis Loureiro e das Dianas Tavares são de facto muito imaturos, mas não propriamente por causa da idade dos seus autores. Pensemos, por exemplo, que Isaac Asimov escreveu as suas obras mais conhecidas e reconhecidas (Foundation, I, Robot, Nightfall) entre os dezoito e os vinte e um anos de idade; pensemos em Randall Garrett que publicou profissionalmente “Probability Zero”, o seu primeiro conto, aos dezassete anos de idade (o conto teria sido escrito quando tinha apenas dezasseis), ou em Theodore Sturgeon que publicou o seu primeiro conto aos vinte anos, um ano antes de se voltar para a Ficção Científica. A mesma idade com que Ray Bradbury, por exemplo, começou a publicar em fanzines. A sua primeira obra-prima, The Martian Chronicles, reúne contos que escreveu quando ainda estava na casa dos vinte (a sua primeira publicação profissional, foi aos vinte e um). Os exemplos são virtualmente intermináveis.

Que distingue, então, estes autores desta nossa leva nacional de quem brinca à literatura? Essencialmente três factores, por ordem decrescente de influência:

a)Desde logo, o conhecimento profundo do género em que pretendem trabalhar; um conhecimento que só se adquire lendo, lendo e lendo, o mais possível, com o máximo de variedade, mas certamente com exaustão as obras que se inserem no campo em que se pretende singrar.

b)Depois, fazendo o esforço de colmatar a inexperiência (a imaturidade) através do recurso a fontes credíveis e a uma pesquisa aturada; por exemplo, o jovem Asimov, escrevendo a sua Foundation, leu e releu os seis volumes do imperecível Decline and Fall of the Roman Empire de Gibbon. Não é, certamente, jogando videojogos ou vendo animes que se aprende a escrever e se adquire a maturidade necessária à construção de uma narrativa cativante, ainda que com personagens imaturas ou meramente esboçadas.

c) Se os dois primeiros factores são da responsabilidade do aspirante a autor, o terceiro escapa ao seu domínio: a existência de um bom editor, como Campbell foi para os autores da Golden Age, capaz de oferecer ideias, trabalhar os textos, espicaçar a criatividade mas, sobretudo, capaz de atirar imediatamente com um mau manuscrito para o caixote do lixo. E o caixote do lixo de Campbell estava a abarrotar de Orbias. Faltando um editor destes, como certamente faltou ao Fábio (de acordo com ele, teve a resposta da sua editora ao fim de dez minutos e através da leitura de um único capítulo do livro), deve o autor aprender pelo menos a encarar de forma crítica os elogios fáceis de quem claramente não sabe distinguir o Dracula de Stocker do Twilight de Meyer.

É que, como bem escreveu o David no seu post, faz falta que alguém diga basta. É preciso por termo a este brincar à literatura. De brincar ao Fantástico. Porque o que o Fábio acaba por dizer na sua “desculpa” é apenas isto: não sei escrever, ainda, um livro que mereça ser publicado. Fábio, é para isso que existem as gavetas.

domingo, 3 de abril de 2011

Literatura a brincar


Desta citação, a esta citação, vai uma distância abismal, distância essa que não se resume à década que as separa: mesmo descontando o papel que a afirmação de Scully desempenha na sua diegese, mormente um apontamento pós-moderno de acreditação da ficção através da negação auto-referencial do género em que se insere, ela traduz ainda a percepção generalizada de que a FC padece ao olhar dos mundanos. FOOTLOOSE (1984), o filme de Herbert Ross, cuida do conflito geracional protagonizado por Ren McCormack (Kevin Bacon), um jovem urbano de Chicago, contra a comunidade conservadora de Bomont, cujos habitantes queimam livros e onde a música Rock e a dança se encontram proibidos. O diálogo representado na citação em questão, ocorre nos primeiros minutos do filme, e é o primeiro conflito declarado entre Ren e as “autoridades” morais da cidadezinha. Em detrimento da utilização desta cena, poder-se-ia dizer que o exemplo de Vonnegut, um autor que viria a repudiar o género, é um exercício hipócrita da minha parte, mas a verdade é que a FC aparece representada aqui como algo perigoso, adulto e subversivo, através de um livro – Slaughterhouse Five (1969) – que é indesmentivelmente pertença do género. Nos anos 50, em pleno domínio do Senador MacCarty, Theodore Sturgeon dizia que a FC era o único género capaz de ser subversivo, pois era demasiado sofisticado para ser entendido pelos censores. Quando estes adquirissem suficiente sofisticação para entender a FC, dizia Sturgeon, então estaríamos irremediavelmente perdidos.

Ao longo dos anos, dada a sua consolidação nas revistas pulp de fraca reputação, a grande luta dos géneros do Fantástico tem sido esta: a de deslocar a percepção pública da posição Scully, para a posição Ren; de estabelecer de uma vez por todas o carácter adulto, exigente e iconoclasta da Ficção Científica e do Fantástico, frequentemente encarados como mera literatura infantil e inconsequente. Essa luta vem sendo travada de forma particularmente árdua nos países não anglófonos, onde o género é, por contingência histórica, praticamente algo de importado, ao qual se chega primeiramente através de formas indirectas, como o cinema, a televisão e a banda desenhada. Qualquer autor que queira dedicar-se à escrita no género, tem que enfrentar não só a hostilidade da crítica, a indiferença dos leitores, mas também o estigma de menoridade que sobre ele de imediato recai.

Daí que não seja de surpreender a justificada reacção de David Soares e Andreia Torres a uma infeliz entrevista de um jovem aspirante a autor, que uma vez mais relega o género para o campo da literatura infantil, e às opiniões imbecilizadas constantes de alguns comentários de participantes na incipiente polémica. Embora concorde, quer com o David, quer com a Andreia, com escassas reservas, atrevo-me a avançar uma defesa para o Fábio Ventura e todos aqueles que vieram a público defender o carácter juvenil da literatura fantástica.

Se tivermos em conta a idade da maior parte dos intervenientes, e o panorama editorial dos géneros do Fantástico em Portugal, pelo menos desde 1999 (quando aqueles teriam entre 10 e 12 anos), e considerando que, infelizmente, a maior parte deles não lerá senão em português, e isso com dificuldade tendo conta a crescente degradação do ensino desde 1995, agravada agora por Bolonha, a imagem que formaram do Fantástico não deixa de ser correcta: no início da década passada, o panorama era dominado pela série de Harry Potter e pela adaptação cinematográfica da saga de Tolkien, uma e outra (a primeira pela sua própria natureza, e a segunda por imposição da classificação PG13) voltadas para um público juvenil. E de lá para cá as editoras têm-se deixado dominar por derivados de ambas, desde as Crónicas de Allarya à mais recente leva de imitações de vampiros infantis que mais parecem versões carnavalescas dos Morangos com Açúcar do que criaturas sinistras.

É um panorama não só infantil e infantilizado que mal se tem alterado nos últimos 10 anos (a não ser numa aceleração crescente pelo declive da mediocridade), mas um panorama que renega um módico de qualidade literária, procurando transferir para o merchandizing literário a mecânica das redes sociais. Isso é bem patente no fenómeno de Christopher Paolini e Stephenie Meyer, que emergiu não de apostas editoriais mas de boca-a-orelha nos fóruns cibernáuticos, alastrando-se pelas cabecinhas ocas dos seus leitores inexperientes como vírus que se atiram com sanha a um sistema imunológico deficiente. Mais grave ainda, as editoras renderam o seu papel de escolha e crivo de qualidade, entregues a contabilistas e homens do marketing, para quem um livro é apenas uma cifra do balancete do final do mês, e começaram a incentivar activamente a produção de sucedâneos iletrados destinados a alimentar este inesperado e lucrativo mercado. Tanto mais lucrativo quanto mais barato se torna recrutar um grupo de adolescentes deslumbrados pela publicação do que assegurar o pagamento de autores experientes num mercado tão competitivo (e refiro-me mais ao da literatura infantil do que da literatura fantástica); tanto mais lucrativo quanto se poupa em publicidade o que se ganha em boca-a-orelha nas redes sociais e nos blogues.

E basta passar os olhos pela esmagadora maioria dos blogues para os quais as editoras enviam os seus livros para avaliar do grau de prostituição que tal situação traduz: as “críticas” e opiniões reduzem-se à sinopse que a editora organiza (incluindo os erros crassos de português) e no facto de o dito “autor” ser muito simpático e acessível. Chega-se ao descalabro de encontrarmos “autoras” que agradecem a divulgação de um seu texto dado à estampa em edição de autor, desejando que o/a blogger que divulga tenha um dia tempo de ler o livro que está a divulgar (“ e espero que goste”). O que a maior parte dos bloggers que se prestam a esse serviço não se apercebe, é que estão a vender pelo preço de um livro (com custos de produção que muitas vezes não vão além dos €5) a publicidade que a respectiva editora teria que pagar num jornal ou revista de referência à razão de €200 a €1000. E as editoras, claro está, não se queixam, pois em troca de uma dezena de exemplares, obtêm publicidade gratuita, agressiva, e aparentemente insuspeita, nas redes sociais. E, sobretudo, é muito mais seguro do que arriscar submeter as obras em questão ao crivo de uma crítica literária séria e objectiva (também ela cada vez mais rara e escassa entre nós).

Assim sendo, não creio que a afirmação do Fábio Ventura seja totalmente repreensível: por muito errada que fosse – e isso é inegável – a ignorância da realidade, reforçada pelo comportamento editorial, pelo que entre nós se tem maioritariamente publicado, e pela maturidade da maior parte dos seus próprios leitores, não lhe é de todo censurável.


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Conversas Imaginárias 2011: Programa



Sábado, 16 de Abril

10:30 – Ponto de Encontro: Piano-Bar do CLP.

Sessões no Auditório:


11:30 – Novas formas de publicação em Portugal (debate com Pedro Ventura, Carla Ribeiro, Diana Sousa e Ana Cláudia Silva; moderação de Rogério Ribeiro).

12:30 – Intervalo.

14:00 – Arte Fantástica: Ilustração, Fotografia e Banda Desenhada (apresentações por Ana Cruz, André Coelho, Pedro Miranda, Manuel Alves e Diogo Carvalho; moderação de Rui Ramos).

15:30 – Marionetas do Porto (apresentação por Isabel Barros e Shirley Resende; moderação de Rui Ramos).

16:00 – O Porto Fantástico e o Fantástico no Porto: À conversa com Beatriz Pacheco Pereira (moderação de Rogério Ribeiro).

17:00 – Intervalo.

17:30 – Contos: O Fantástico em dose concentrada (debate com João Ventura, Jorge Palinhos e João Reis; moderado por Inês Botelho).

18:30 – Projectos multimédia (apresentações de Nocturnus (Rafael Loureiro-escritor+Alexandre Cebrian Valente-cineasta), Yoshi (João Pedro Sousa-mangaka+Pedro Andrade-músico), Noidz e UnderSiege; moderação de Rogério Ribeiro).

20:30 – Encontro em restaurante a anunciar. Jantar com a participação especial da contadora de histórias Clara Haddad.

Domingo, 17 de Abril

10:30 – Ponto de Encontro: Piano-Bar do CLP.

Demonstrações de roleplaying games.


Sessões no Auditório:


11:30 – Literatura Fantástica Portuguesa (debate com João Barreiros, Ana Cristina Alves, Luís Filipe Silva e João Seixas; moderação de Madalena Santos).

13:00 – Intervalo.

14:30 – Utopias e Distopias (debate com Fátima Vieira, Luís Filipe Silva e João Seixas; moderação de Inês Botelho).

15:30 – Cinema Fantástico (debate com José Pedro Lopes, Pedro Leite, Artur Serra Araújo; moderação de Rui Baptista).

17:00 – Intervalo.

17:30 – Gravação ao vivo do podcast Jogador-Sonhador (por Ricardo Tavares).


Organização: Rogério Ribeiro, Rui Baptista, Inês Botelho, Rui Ramos e Madalena Santos. Colaboração na org.: Isabel Damião (CLP).


Conversas Imaginárias 2011 @Porto



Local: CLP - Clube Literário do Porto