sábado, 25 de agosto de 2007

A MORTE DO MANDARIM: EDUARDO PRADO COELHO (1944-2007)


Faleceu hoje Eduardo Prado Coelho.

Li-o pela primeira vez na há muito falecida revista Opção (1976-1978), e depois, apenas quando o tema me interessava.

Recordo, essencialmente, a incapacidade de lidar com a arte e a cultura populares, a postura sectária em defesa de Sob o Signo da Verdade (2006) de Manuel Maria Carrilho e o obscurantismo pós-moderno no ataque à ciência e em defesa de Boaventura Sousa Santos.

Dele escreve Eduardo Pitta que "foi o intelectual português mais influente dos últimos 25 anos", o que diz muito, e que "nada voltará a ser como dantes", o que poderá não dizer o suficiente.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

CONTAGEM DECRESCENTE


Com apenas trinta e um anos, David Soares escavou já um nicho muito confortável no imaginário português, preenchendo-o com fervilhantes pesadelos visuais, literários e até auditivos (o curioso e conseguido DVD Lisboa). Que não tenha conseguido ainda penetrar na atenção crítica do mainstream serve apenas para enriquecer ainda mais o prazer daqueles que procuramos cada novo trabalho seu, saboreando o prazer pecaminoso das pequenas descobertas proibidas.

Tudo isso pode mudar subitamente no próximo dia 5 de Setembro, quando a Saída de Emergência colocar nas prateleiras das livrarias a sua última opus (e seu primeiro romance), A Conspiração dos Antepassados, um tomo de cerca de 400 páginas que reúne Fernando Pessoa, Aleister Crowley e os labirintos da História, numa narrativa de imparável dinamismo e aturada pesquisa.

Aproveitem por isso para saborear os anteriores títulos do David [Os Ossos do Arco-Íris (2006), As Trevas Fantásticas (2005), Mostra-me a Tua Espinha (2001) e os seus inúmeros álbuns de BD) enquanto não se torna um best-seller.

À laia de aperitivo, podem ler aqui excertos dos três primeiros capítulos desta prometedora Conspiração.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

NO MORE WORRIES FOR A WEEK OR TWO...




O Blade Runner vai de férias.
Férias de quê, dirão vocês, após estes quinze dias sem qualquer actualização?
Pois bem: terminaram-se contos, adiantaram-se ex-trípticos (agora trilogia), prosseguiram-se traduções, criticaram-se livros...

Por tendencioso que seja, o descanso é merecido. Embora curto.

O Blade Runner volta no dia 20, onde espera iniciar uma nova fase de actividade: mais uma entrevista com um dos autores nacionais do fantástico, uma série de textos/críticas sobre alguns dos filmes que se poderão ver no Festival de Cinema de Horror de Lisboa, em Setembro, novas críticas (EIS O HOMEM de Michael Morrcock, AS RUÍNAS de Scott Smith, entre outros títulos) e a publicação espaçada de uma sucinta Breve História da Ficção Científica.

Assim o permita a vontade e a disciplina de um escriba tão preguiçoso quanto eu...

Até lá, boas férias.

E como diz a canção:

We are going on Summer Hollydays...
No more worries for a week or two...

CAPAS DE FICÇÃO CIENTÍFICA E FANTASIA







Os mais atentos frequentadores da Blogosfera já se devem ter apercebidode que o Pedro Marques, meu parceiro na Livros de Areia, e companheiro de inúmeras discussões sobre todos os aspectos da criação, produção e comercialização do Fantástico, tem um novo blogue só dele. Ao fim de um par de dias de existência, teve o raro condão de se tornar de indispensável consulta.


Um post em especial merece especial destaque pela temática, que muitas vezes nos envolveu em longas diatribes à mesa do café: as capas da ficção científica e da fantasia. No post em questão, o Pedro manifesta algumas opiniões que já lhe conheço, e com que nem sempre concordo. No entanto, a sua justificação e análise são soberbas.


Em breve abordarei também este tema dentro das minhas limitações (o Pedro é, não só um designer inexcedível, como uma enciclopédia ambulante de informação pertinente to all things visual), mas não quero deixar desde já de chamar a atenção para um post - e um blogue - que sabem tratar tão bem de temas de que muitos ditos "especialistas" fogem como o diabo da cruz.

BOLSO VERÃO


Neste breve período de inactividade bloguística, Portugal parece ter redescoberto uma perdida paixoneta pelo livro de bolso. A novidade, como sempre, só o é para o nativo e para os mais desatentos. Qualquer leitor com mais desembaraço se apercebe que a recente colecção Booket, da D. Quixote, não passa de uma pálida imitação das colecções VIP (Ediciones B) e JET DeBOLS!LLO (da Plaza & Janés), apesar do apregoado design dos ateliers Henrique Cayatte (de que, via colecção azul da Caminho, nunca fui grande apreciador).


Nós, leitores habituais do Fantástico, privados das magníficas edições de luxo em hardback, e dos trade paperback estrangeiros (demasiado caros e demasiado distantes antes do advento da Amazon), sempre tivemos que nos contentar com o formato bolso.


Argonauta, DH Ciência, Panorama, Bolso Noite, FC Europa-América, a saudosa Colecção Azul da Caminho, e tantas, tantas outras, puxavam-nos pela mão e levavam-nos até ao imaginário maravilhso dos futuros que não chegaram a ser.


Recordo-me, entre os quinze e os dezasseis anos, nesses contraditórios anos 80 que não regressarão mais, de entrar senpre nas féria de Verão com uma dieta variada de livros de Ficção Científica e Horror (a fantasia só surgiu depois).


Os livros que aparecem na foto, foram todos comprados durante as férias de Verão, em várias praias do Algarve e em quiosques de Viana do Castelo. De cada rotativa onde os livros amareleciam ao sol, espreitavam capas coloridas de naves espaciais e sinistros crepúsculos, tie-ins e obras primas, todas em formato de bolso e a preço acessível.


Com o verão já a meio, a revolução do bolso 2007, ainda está por começar.