Diz o Jorge que “Quando os meninos que ainda não são crescidos fazem asneiras, e estas chegam ao conhecimento dos pais, costumam defender-se apontando para o irmão e dizendo "foi ele". (…) Às vezes, esta estratégia resulta, e quando os meninos crescem nunca deixam de fazer isso, como bem temos visto, por exemplo, no caso BCP.” E é verdade, mas depois há aqueles outros meninos que também ainda não são crescidos, mas gostam de fazer de conta que são, portando-se como acham que os adultos de portam. E há ainda os outros que, também não passando de meninos, quando confrontados com a asneira, adoptam a postura que sabem que os adultos esperam deles. Como aquele outro menino que não cresceu, o menino de ouro, que confrontado com a possibilidade de palmadas, de um dia para o outro começou a fazer de conta que era bonzinho.
O menino Jorge é um desses meninos, que julga que imitando o comportamento dos crescidos, consegue fugir ao castigo. E acha que o remédio é fazer de conta que reconheceu a asneira, sem assumir as suas consequências. Vocês recordam-se do que o menino Jorge dizia antes de descobrir que se podiam cometer asneiras quando se escrevia sem pensar, com pressão de trabalho e sem estar em pleno domínio das suas capacidades? Não? Ora leiam: “Oh, que lindo é ver um grande homem ter a humildade de reconhecer que errou. Que alegria, que coisa de elevar o coração às alturas, que êxtase quase, diria eu, religioso. Como que se vê um halo de grandeza em volta da cabeça do prócer, só mais engrandecida ainda pelo reconhecimento do erro. Como que levita mais alto acima do pedestal da estátua equestre, qual monge budista em pleno nirvana. Cavalo e tudo. As justificações do erro também são lindas de se ler. Que era o sono, a directa, os prazos (…)” O menino imita, sem compreender, e eis que as justificações são igualmente lindas, que era a febre, o corpo que lhe doía, a Saúde 24 a dizer que não era a gripe suína, mas ele queria chegar aos vinte e cinco, irritadiço e tudo, que se não fosse por isso, e os cavalos e o nirvana, provavelmente, não tinha ido twitar, nem se irritava por o Seixas dizer que ele estava a trabalhar, mas espera, afinal as culpas não são dos outros, mas o Seixas, sempre o Seixas, ele não gosta do Bibliowiki e acha que aquilo não dá trabalho e eu ainda dou opiniões, e a Livros de Areia que publicou um livro que não gostei, e ainda por cima ofereceram-me um, os sacanas, só me dão porcarias…
Mas os adultos não lhe estão a ligar.
Porque sabem que o menino Jorge é um traquinas. E ele sabe que toda a gente gosta de ver traquinices. Afinal, toda a gente gosta do Calvin. Mas o menino de ouro é um Calvin sem graça. Nem sequer é um Dennis the Menace. É antes um daqueles putos birrentos que berra e berra até se lhe verem as goelas viradas do avesso para atrair as atenções. Só que desta vez a birra foi demasiado grande , a máscara caiu-lhe e há que disfarçar. Disfarçar que cresceu, que é um homenzinho. Que o pseudo-prócer reconheceu o erro.
Mas ele não reconheceu nada. Sabe que fez má-figura e envergonhou os pais e os amigos e há que remendar a coisa. Mas ele não está arrependido do que fez, mas tão somente “pela forma completamente bronca” como o fez. Não foi ter partido o jarrão na birra. Foi ter partido o jarrão ao pontapé. Porque ele não fez mais do que desmascarar a desonestidade do Seixas. Porque o Seixas é desonesto, e vil, e artista português, e saltimbanco de feira, e escroque, mas não diz porquê. Porque lhe apontou contradições? Pois, porque o menino Jorge, como todos os traquinas que se querem fingir bem comportados, é rico em contradições: uma editora que não publica para o mercado é incompetente; mas um autor que não escreve directamente para o mercado, como o menino Jorge, não é: é um auteur, um artista - mas não português – que escreve para a posteridade e cujas obras hão-de figurar na imperecível catedral Jamesiana. O menino não quer atirar culpas a ninguém, mas vai buscar episódios de há quase um ano para dizer, vejam, é verdade, eu sou crescido, eu fiz asneira, mas FOI ELE QUE COMEÇOU. Mas ele é crescido. Aquilo que nós ali vimos não era o seu verdadeiro eu – era a febre, o tuíto, a tempestade que lhe caiu em cima o nirvana que desabou com cavalos e gripes à mistura, ai as idas a Lisboa aquela terra do Demo – mas não era ele. Porque ele não insulta ninguém. Ele desmascara. Ele, no seu blogue adulto, isento dos defeitos do tuíte (?), não tem “idiotas” como etiqueta nem chama burro a quem lá aparece. Há muitos nomes para chamar a isto, e metade deles o menino utilizou para me insultar.
O Jorge comparece agora perante os pares, contrito e a socar o peito em condoído mea culpa, não por ter sido carroceiro, não porque não pense que todos os insultos foram merecidos, mas porque sabe que borrou a única coisa que tinha: o nome.
Ele apaga os insultos no blogue, pois sabe que permanecem no ODISSEIAS. Ele tenta apagar a dedada, para fingir que não foi às bolachas. Aprendeu bem, o menino, com aqueles que falsificam a Historia. Finge que ainda tem a máscara que lhe caiu.
Ele quer fazer passar-se por Homem, mas não passa de um menino.
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