Escrevi, aqui, que "vamos, estatisticamente, a meio do ano, e nestes seis meses, não foi publicado um único livro de FC pura e dura, assumido como tal e destinado a um público leitor desse género". O Luís Filipe Silva enviou-me um simpático e-mail chamando-me a atenção para o facto de ter sido publicado este ano o clássico Where Late the Sweet Birds Sang (1976), em tradução da Gailivro, com o título Onde os Últimos Pássaros Cantaram (ISBN: 978-989-557-579, 296 páginas). Where Late the Sweet Birds Sang venceu, com toda a justiça o prémio Hugo em 1977, e continua a ser um título de leitura obrigatória para todos os entusiastas do género, pela forma como expandiu o tema de Silent Spring (1962), obra seminal de Rachel Carson para a afirmação do movimento ecologista, e pela representação de um cenário pós-apocalíptico onde uma humanidade esterilizada pelo fall-out da guerra e da poluição aposta a sua existência na criação de clones para assegurar a sua preservação. Foi um livro que me serviu de inspiração quando escrevia o meu próprio Eu, Clone (1998, ainda inédito) e é um dos mais belos - e certamente o mais conhecido - de Kate Wilhelm.
Embora não se trate de um livro de FC pura e dura, inserindo-se mais na veia da ficção científica de carácter sociológico, e mostrando-se pontilhado de aspectos muito pouco científicos - como o surgimento de uma forma de telepatia nos clones - é, no entanto, um título cuja tradução se impunha, sendo obrigatória a parabenização da Gailivro por assumir essa tarefa. E, se me esqueci de o referir aquando da redacção do post em causa, aqui fica a rectificação do lapso e também a recomendação da sua leitura.
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