quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Como um segundo sol


"Both of them were waiting for the rumble of sound that followed the bomb flashes, but an unbroken silence lay over the stadium and the surrounding land, as if the sun had blinked, losing heart for a few seconds. jim smiled at the Japanese, wishing that he could tell him that the light was a premonition of his death, the sight of his small soul joining the larger soul of the dying world".

James Ballard, The Empire of the Sun, 1984


Hiroshima, cumprem-se hoje 63 anos... O céu incendiou-se no espectáculo mais belo e devastador de que há memória. É irónico que a morte nuclear possa ser ao mesmo tempo tão violenta e tão fascinante. Ao mesmo tempo um desafio aos poetas e o parto cruel de uma nova era. Como um piscar de olhos do sol, uma composição silenciosa, um furacão de luz.

3 comentários:

João Seixas disse...

Quem leu o livro de Ballard, sabe que o excerto citado se refere à explosão de Nagasaki (9 de Agosto), vista desde o estádio olímpico de Nantao pelo jovem Jim, e não à de Hiroshima. Perdoe-se, por isso, a liberdade de adapatação deste vosso anfitrião.

Miguel Garcia disse...

Bom dia João!
Nunca li o livro, só conheço o filme adaptado, Empire of The Sun,
A metafora ficou-me na cabeça, "é como se fosse deus a tirar uma fotografia" (flash).

João Seixas disse...

Olá Miguel! Sim, é verdade, no filme soa muito melhor, mas a frase não é do Ballard (mas sim, presumo, do Tom Stoppard, que escreveu o argumento.

Mas a ideia nasceu da justaposição de outras duas, no livro: mais à frente, quando Jim está a contar a Basie as coisas que viu, e refere a explosão de Nagasaki, diz "A white light covered Shanghai, strongger than the sun. I suppose God wanted to see everything."

Ao que Basie responde: "I guess he did. That white light, Jim. Maybe I can get your picture in Life magazine".

Isto é na página 347 da edição paperback da WSP, edição especial de exportação, de 1985. A citação do post, está na página 286 da mesma edição.

Penso que terá sido daqui que surgiu a inspirada frase que Christian Bale profere no filme, e que também me ficou na memória. Aliás, foi or já a ter utilizado antes noutros textos, que agora resolvi ir à fonte.