domingo, 22 de junho de 2008

50 Doors into SF 03: Damn you all to Hell!


A par de 1984 e 1977, 1968 foi, sem dúvida, um dos melhores anos para o cinema de FC. 2001: A Space Odyssey, Barbarella e Planet of the Apes, são apenas três clássicos imperecíveis e inultrapassáveis, cada um deles rompendo novos caminhos dentro do género e ajudando simultaneamente a elevar a ficção científica acima do carácter juvenil que a marcara nos anos 50 e 60, e mostrando que era capaz de ombrear com as obras propugnadas pelos teóricos (depois práticos) que nidificavam na Cahiers du Cinema.

Apenas vi Planet of the Apes na televisão, e mesmo aí, limitada pelas dimensões modestas da pequena caixa, a obra-prima de Franklin J. Schaffner é marcante. Abandonando o pretensiosismo bem francês da obra de Pierre Boule em se baseou, Schaffner incute à história do astronauta George Taylor (Charlton Heston, num dos seus papéis mais iconográficos) num planeta onde os macacos são senhores e o homem um mero animal, uma dose de humor satírico e carradas de sentimento não sacarino que, aliados às magníficas máscaras de John Chambers, tornam o filme uma parábola de insuspeita acutilância.

Não é à toa que o argumento conta com a colaboração de Rod Serling que, tal como fizera durante anos na série que o imortalizou (The Twilight Zone, 1959-1964), relativiza de forma soberba os valores que temos por adquiridos, levando-nos habilmente a tomar o partido dos macacos, obrigando-nos a considerar de não seria melhor um mundo governado por eles, antes de o confirmar com aquela magnífica última imagem, que nos fica gravada na retina e na memória (individual e colectiva).

E hoje, 40 anos após a sua estreia, ainda não perdeu nenhuma da sua força.

5 comentários:

Barreiros disse...

só um tiny, tiny problema com este filme que logo destrói, quase desde o início, toda e qualquer suspensão da descrença...os macacos falam em inglês e o indómito explorador não dá por nada? Ainda pensa, até à descoberta final da Estátua da Liberdade, que está em Alfa do Centauro? Jesus! Se eu chegasse a um planeta desconhecido onde todos os habitantes falassem e escrevessem português, não desconfiaria logo que estava...em Portugal? Aqui temos o paradigmático "idiot's plot", o tal argumento tão, tão idiota que só um idiota se deixa arrastar por ele...e não custava nada fazer umas pequenas alterações no script, com pôr a macacada sem perceber pêva do que o Charlton Heston escrevia no papelote...e por fim pô-lo a aprender a nova língua...
Será pedir muito?
Mas gostei das máscaras...
E da macacada tentar arrancar a espingarda "from the cold dead hands" do nosso fascistoide que todos estimamos...

Francisco Norega disse...

Deste e de muitos outros, que metem extraterrestres. Mas o pior é que falam SEMPRE inglês xD

Já agora, barreiros, uma pergunta:
Foste tu que escreveste a biografia do Harry Harrison, presente no início do "A Oeste do Éden" (Gradiva) e assinada por "João M. Barreiros"?
Obrigado.

Barreiros disse...

Yep, fui eu mesmo...Aliás o Harry Harrison mandou-me uma cartinha a agradecer...Infelizmente ficou nas mãos da editora que logo a fez desaparecer...Eu dirigi a colecção da GRADIVA no pouco tempo que ela durou. Traduzi para lá o OLHO DA RAINHA. E fui o primeiro a publicar, em lingua estrangeira a 1ª edição do NEUROMANTE...que mal chegou às livrarias foi logo parar à: 1º Secção de Informática. 2º: livros infantis...
Tinha muitos mais traduzidos e prontos a publicar, quando...o editor resolveu dar-lhe o golpe do machado...
Enfim...

Francisco Norega disse...

Por acaso estou curioso em relação a este livro. E também em relação ao JEM. Acho que os vou ler a seguir a acabar o Terrarium.

Btw, estive a ver no bibliowiki e não está listado o primeiro titulo da colecção. Qual é?

Barreiros disse...

Bom, na colecção da GRADIVA sairam osa seguintes volumes:

A LONGA TARDE DA TERRA -- Brian Aldiss (versão integral)
A OESTE DO EDEM-- Herry Harrison
JEM -- Frederik Pohl
NEUROMANTE -- William Gibson
A PEGADA -- Larry Niven & Jerry Pournelle (2 volumes)
O OLHO DA RAINHA --- Philip Mann
O MODELO JONAS -- Ian Watson