São aquelas pequenas coisas do acaso...
Durante uma conversa teclada um destes dias, eu e a Safaa começamos a recordar os filmes e as séries dos anos 80, vistos pelo prisma da idade que nos separa. Curiosamente, aquelas séries que me levaram a ler ficção científica, tiveram nela um efeito contrário.
Ao matutar nisto, apercebi-me de que, em termos literários, sou relativamente new comer às lides da ficção científica, género que comecei a ler bastante tarde (as minhas primeiras incursões sérias - ie, não tie-ins, datam de 1991, ano em que comecei a ler Asimov; só em 1994 me tornei devorador compulsivo de ficção científica). Aquilo que me arrastou para o género, por incrível que pareça, foram os filmes e as séries de televisão, vistos sem critério, no cinema ou em casa, desde mui tenra idade. Ora, todos sabemos que é muito raro encontrar um bom filme de FC feito depois de 1977, pelo menos tão difícil como encontrá-los antes de 1968. Mas é fácil encontrar muita scifi que prepare o intelecto para coisas melhores.
Olhando para trás, apercebo-me de imagens que me ficaram gravadas na mente: imagens por vezes estranhas, outras eróticas, outras sinistras, quase todas dotadas daquela concreta irrealidade que as tornam pouco menos que fabulosas. Se há filmes que desde a primeira vez que os vi me ficaram na cabeça [The Terminator (1984), Barbarella (1968), Star Wars (1977)], de outros ficaram-me apenas sensações [Brazil (1985), Battle Beyond the Sun (1960) ou Forbidden World (1982)]. Sobretudo, de muitos filmes e de outras tantas séries, ficaram-me imagens. E não era Susan Sontag quem dizia a certo passo que é no cinema de ficção científica que uma simples imagem melhor permite compreender um filme?
Pois bem, nos próximos 50 dias, quero partilhar convosco cinquenta imagens da ficção científica que foram, para mim, outras tantas portas para o género. Por isso, não sejam tímidos: comentem o que acham dos filmes/séries de onde elas foram retiradas e, se quiserem, partilhem comigo aquelas que foram as portas que vos permitiram entrar neste mundo fantástico.
Vou postar as imagens sem qualquer critério que não o do fluir da memória, pelo que a sua ordenação não representará as minhas preferências ou qualquer cronologia válida. Em muitos casos, revendo as fontes dessas imagens, apercebo-me da medíocre qualidade daquilo que via... mas que querem, o coração não escolhe razões.
Assim, sem mais delongas, que porta de entrada para o mundo da ficção científica pode ser mais convidativa do que a perna de Marilyn Monroe?
3 comentários:
Só comecei a ler livros de FC muito mais tarde, quando entrei para a universidade, e foi porque comecei por ler os clássicos certos e apercebi-me de que afinal a literatura era infinitamente superior às tretas infernais de sci-fi que tinha visto na minha infância e adolescência. ;)
Olá Safaa.
Também eu. O peso dos anos é incomensurável. Em 1991, andava eu no primeiro ano da Faculdade e, em 1994, no terceiro, pelo que, como vês, houve um ano determinante para a leitura.
Mas o que me puxou a mim para a leitura de FC foi a leitura de livros de divulgação científica. A mudança para letras traumatizou-me tremendamente. Quando andava em ciências, claro está, só lia Guerra & Espionagem (aliás, o título da minha, então, preferida coleccção da EA), aventuras e horror.
Ainda assim, acho que as séries e filmes que via (obsessivamente), contribuiram muito para a minha dedicação aoo género. Aliás, recordo-me de em meados dos anos 80, quando comecei a querer escrever a sério, estudava obcecadamente a estrutura dos episódios da Twilight Zone (série moderna, 1985-1986) que via na RTP2. Aliás, aos Domingos (ou era aos Sábados?), que era quando a série passava na TV, era certo e sabido que, acabando o episódio, me dedicava a escrever um conto com o mesmo tema e estrutura.
Enfim, é fascinante o processo de criação e desenvolvimento de uma personalidade tão fascinante como a minha. ;)
Então, para quando a 3ª porta? =P
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