quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Mariquices


A propósito deste meu post, recebi o comentário do Miguel Neto, que passo a transcrever:

Olá João. Espero que essa crítica
venha rapidamente para, muito provavelmente, poder contrapor! Desculpe
dizer-lhe, mas, como sabe, escrever uma coisa destas precisamente quando um
livro está em plena venda e com grande visibilidade num jornal nacional sem
qualquer sustentação crítica não me parece muito honroso. Penso também que dar
tal ênfase ao texto da Clara Pinto Correia, (um conto que provavelmente não
mereceria especial referência numa crítica global do livro, a não ser pela
negativa e ainda assim uma referência insignificante) sem referir nenhum ponto
positivo de qualquer outro conto, parece uma linha crítica mais interessada em
denegrir ( advinda, talvez, de algum trauma corporativista instalado no seio de
alguns fãs de FC e Fantástico, compreensível pela necessidade de reacção aos
preconceitos em que estas literaturas estão envoltas, mas que ainda assim gera
reacções maniatadas por alguma raiva infantil) do que em esclarecer os leitores.
Parece-me justo pedir-lhe que essa crítica venha então muito rapidamente!
Colocar um post num blog dizendo mal, sem pexplicar porquê é no mínimo injusto.
Mais valia esperar pela crítica e então publicá-la.
O Miguel Neto, como sabem, é o editor da Chimpanzé Intelectual, facto esse que justifica a presente resposta. E porque entendo que o Miguel levanta algumas questões que, porque arreigadas em "alguns fãs de FC e Fantástico", são por vezes esgrimidas de forma desastrada, com grande prejuízo para os géneros literários que todos gostávamos de ajudar a florescer.

Em primeiro lugar, impõe-se esclarecer um factor que, à primeira vista, me pareceria desnecessário referir: as opiniões são da responsabilidade de quem as emite e avali(z)adas por quem as recebe, consoante o suporte fáctico que as sustentam. No caso particular de um blogue, onde também se procura exercer a crítica literária, sobretudo escrito por alguém que a exerce também numa revista literária, tal opinião trará consigo um lastro de conhecimento e experiência que lhe conferirão maior ou menor autoridade. Traz também uma relação de confiança com os leitores habituais, concordem ou não habitualmente com as opiniões ou críticas proferidas.

Isto porque - e desnecessário seria igualmente dizê-lo - toda a crítica é subjectiva, mesmo quando autorizada por maiores conhecimentos ou experiência. Dizer o contrário, seria afirmar um absoluto estético em que não acredito.

Outra das características essenciais na crítica (literária ou outra) é a isenção de quem a escreve; e só alguém que é por vezes obrigado a "desfazer" o trabalho de alguém que conhece ou por quem nutre amizade sabe quão ingrata é por vezes essa tarefa. Mas Portugal é um palco muito pequeno, cheio de tachos e panelinhas, e a sombra da suspeita pende sempre sobre quem critica. Por isso, quando por vezes tenho que criticar livros de autores que conheço pessoalmente, o penalizado é sempre o autor, pois o escalpelo será mais afiado e fasquia erguida mais alto. Tudo a bem da isenção.
Os editores escolhem por vezes "prostituir-se" ao mercado; os autores " às editoras. É o seu papel, é o que se espera deles se pretendem sobreviver num charco tão pequeno. Mas um crítico que escolha prostituir-se a autores ou editores, não tem futuro. Porque as únicas armas do crítico são a independência e a isenção.

O Miguel não gostou da opinião que expressei no meu blogue. Está no seu direito. Mas o fazê-lo, pôs em causa a minha independência e isenção, e isso fez sem qualquer fundamento ou sustentação, de forma gratuita e interesseira. O que lamento...

A minha opinião, em desabono do livro, fundamenta-se nos mesmos critérios com que tenho recomendado ou avaliado outras obras, em críticas que estão publicadas e acessíveis; emiti a opinião ao referir que o livro em causa tinha voltado a ser publicado e, achando que o livro era merecedor de uma avaliação mais sólida, disse-o. Não por a opinião ser negativa, mas por o livro ser importante.

Nenhum crítico, por muita boa vontade que tenha (nem sequer num género tão marginal) tem tempo para ler e criticar fundamentadamente cada livro que sai, que recomenda ou que rejeita. Nem é obrigado a fazê-lo. Porque a sua opinião conta também para alguma coisa, mesmo quando não está fundamentada. Porque são o critério, a isenção e a coerência que estão por trás dela que a avalizam.

Como editor, o Miguel censura que a minha opinião seja publicitada neste momento em que o livro está à venda. O que o Miguel diz, por outras palavras, é que devia ser obrigação dos críticos calarem as opiniões negativas quando os livros estiverem à venda. Ou seja, que enganem os seus leitores.

É claro, reconheço, podia ter-me calado. Nem sequer referir o surgimento do livro. Pretender que não conheço o género e aquilo que nele se vai fazendo. Mas o problema é que o livro é importante. É um livro que deve ser referido, pelo que significa e representa no panorama literário nacional.

Daí que, forçado a referir-me a um facto - a republicação de um livro importante (ainda que pronunciando-me sobre ele com atraso) - inignorável, me sentisse na obrigação de emitir também a minha opinião sobre ele. Que, infelizmente, foi negativa.

Já o Miguel Neto, vê nisso uma intencionalidade dirigida a denegrir um livro, tomando o todo pela inclassificável ociosidade de umas das partes: o conto de Clara Pinto Correia, que dá pelo título de "Mariquices". Mais, chega mesmo a vestir a capa crítica, considerando que ainda que negativo o conto não devia merecer mais do que uma breve nota em qualquer crítica. Neste aspecto o Miguel acha que os críticos e os leitores são parvos.

Como editor e coordenador do volume, o Miguel não tapou os ouvidos à cantiga melodiosa dos "big names" para promover o livro. Poder colocar nomes como Clara Pinto Correia, Luísa Costa Gomes ou Rui Zink na capa é, de uma perspectiva editorial sã, um isco irresistível. Mas o reverso dessa medalha, é que serão os "big names" a atrair a maior atenção crítica, até pelo exotismo ou ineditismo de os ver a laborar num género que não é, habitualmente, o deles. Quando o resultado dessa estratégia é o desastre imitigável de "Mariquices", não se consegue varrer o facto para debaixo do tapete de uma breve referência negativa. Os altos ficam visíveis. E todos gostam de ver o equilibrista a cair da corda.

Claro que o Miguel atribui esta atenção crítica a "algum trauma corporativista instalado no seio de alguns fãs de FC e Fantástico, compreensível pela necessidade de reacção aos preconceitos em que estas literaturas estão envoltas, mas que ainda assim gera reacções maniatadas por alguma raiva infantil".

E, se calhar, é aqui que o Miguel causa o maior prejuízo à literatura fantástica: é que o Miguel, que apostou meritoriamente num género difícil (e no qual reincidiu, com melhores resultados, pouco depois) e que promete continuar a fazê-lo, ainda encara o género como estando afligido de traumas corporativistas, incapaz de gerar crítica isenta e independente de questiúnculas do fandom, e necessitado de fechar os olhos e calar à boca à passagem de um livro fraco, só porque é do género e há que o ajudar, que ele sozinho não se salva.

É questão de perguntar, onde vai o Miguel buscar as informações que lhe pintaram tal retrato?

Mas o silêncio - especialmente quando se trata de livros do género, de livros importantes e de livros fracos - é intolerável. Porque, como escrevia Damon Knight num dos pontos do seu Credo Crítico (e desculpem-me se o tenho como referência inquebrantável): "a bad book hurts science fiction more than ten bad notices".

8 comentários:

Miguel N. disse...

Gostaria, desde já, de deixar claro que publicarei aqui uma resposta mais profunda e estruturada, assim que tiver tempo para o fazer. Sugiro ainda ao João seixas que me permita fazê-lo com a mesma "visibilidade do post a que agora respondo, ou seja, gostaria que o João a publicasse como post e não apenas como mero comentário.

Para já, deixo aqui apenas a seguinte reflexão:

Como todos sabemos, João Seixas é um crítico literário relativamente conhecido e conceituado na praça pública, pelo que a sua opinião e conhecimento de causa, são, à partida, acreditados, enquanto alguém que percebe daquilo que está a falar. ( e penso que ele percebe, não tenho grandes dúvidas )

Assim, é normal que muito boa gente seja fortemente influenciada pelas suas opiniões, ainda quando lançadas gratuitamente, sem qualquer base de sustentação, sob a desculpa de que essa mesma base surgirá depois (" um destes domingos", para citar o próprio João Seixas ),com a publicação de uma verdadeira crítica ao livro.

O motivo da minha indignação, não se prende, obviamente, com o facto de o crítico João seixas ter dito mal do livro. Enquanto editor terei de me sujeitar a todas as críticas e penso mesmo que a função crítica é essencial para se alcançarem altos parâmetros de qualidade em qualquer área, mas sim por tê-lo feito completamente gratuitamente, sem fundamentar minimamente aquilo que disse, aliás como o próprio assume, referindo:" Uma vez que afirmações destas exigem sustentação fáctica, esperem por uma crítica mais detalhada num dos próximos domingos".

Ora, parece-me óbvio que um crítico literário, por questões deontológicas, não deve fazer isto, mas sim criticar quando tem a crítica finalizada, sob pena de poder levar as pessoas a pensarem coisas que não quer dizer ou a atribirem-lhes relevância que depois não se vem a confirmar, quando o mesmo crítico explica a sua opinião.

Precisamente por ser crítco lierário, João Seixas deveria saber que quilo que escreve pesa mais do que o que um anónimo escreverá, pelo que deveria ter redobrado cuidado em justificar-se, para que os seus leitores possam analisar se desta vez tem razão ou não.


Ou seja, João Seixas pelas funções profissionais que exerce enquanto crítico, tem ,obviamente, o dever de justificar as suas opiniões mais do que qualquer outra pessoa.

Quando um crítico afirma isto de um livro:

não brilha pela qualidade, servindo antes e uma vez mais para demolir as teses daqueles que defendem a inexistência, quer de géneros literários, quer de protocolos de leitura próprios desses géneros. De referir, porém, que o conto de Clara Pinto Correia, por si só, justifica a compra do volume, pois é tão inacreditavelmente mau e negligente que, fosse eu o editor do volume, teria que o encarar como um insulto pessoal (se não queria escrever na área do fantástico, só tinha que o dizer). Posto isto, é uma boa prenda para quem não gosta de FC&F: confirma todos os seus preconceitos, e apresenta poucos pontos favoráveis"

...não deve obviamente fazê-lo sem explicar-se.

Se não teve tempo de fazer a crítica, deveria ter esperado e publicá-la então, pois essa é a única forma de poder ser contestado ou pelo menos analisado relativamente ao que diz enão avançar com opiniões altamente críticas, diria mesmo cáusticas, sem explicar o porquê.

Ou seja, a minha resposta é mais uma resposta de cariz didáctico perante a prática generalizada de se dizer o que se quer nos blogs, com impunidade total. É que Os blogs são sítios públicos que qualquer um pode consultar e logo é preciso ter cuidado com o que lá se diz.
Acho que um crítico deveria ter isto em mente, a não ser, obviamente, que não queira que a sua imparcialidade se estenda também ao seu blog, fazendo do mesmo um avacalho total, ou seja, um blog sem qualquer credibilidade. Não me parece o caso.

Ainda como crítico João seixas deve ter consciência perfeita do que uma crítica pode representar para um livro que está em período de grande visibilidade, por isso mesmo, tem todo o direito a criticá-lo , mas deve obviamente fazê-lo com sentido de responsabilidade. Apenas isso.

Convido todos os interessados a participarem nesta discussão, que julgo, poderá ser muito interessante.

"Um destes domingos", publicarei uma resposta mais aprofundada

Miguel Garcia disse...

Boa noite.
Ainda não li o livro, mas penso comprar. Visto que tem contos de autores de que gosto muito: David Soares, e João Barreiros. Os restantes não conheço, tirando um ou outro dos "Contos de Terror do Homem-Peixe" tambem da Chimpanzé Intelectual.
Quanto ao factor critico, penso que o João Seixas terá lido o livro, isto permite-lhe fazer qualquer comentário sobre o mesmo. Se irá arrastar multidões, muito sinceramente penso que não, isso fazer dos leitores automatos... eu não me vejo assim, já assisti a uma critica(ao vivo) feita pelo João Seixas, e gostei, e bem antes disso já sabia que ia comprar o livro, assim como agora continuo a querer comprar o livro em questão.
É uma opinião importante, porque é uma pessoa do meio, e do genero(FC), logo goza de poder de influencia, mas sendo o livro um livro de contos, onde estão presentes vários autores, temos muito por onde escolher.
O João Seixas é um critico com nome, mas tambem os autores, desta antologia, são escritores com nome, e isso faz livro mais atractivo. Se será o genero indicado para esses autores, logo verei, embora o meu genero de eleição não seja a FC.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Estes posts lembram-me as colónias de macacos: uns catam os piolhos a outros.

Como dizia o outro, o nosso mal é sermos poucos e conhecermo-nos a todos. Cria-se uma ideia generalizada de que sendo todos amigos uns dos outros isso passa automaticamente a impedir o pensamento crítico sobre as obras dos amigos. São situações pelas quais já passei e que causaram algumas mazelas.

Ao fim e ao cabo pode-se sempre tomar uma opção: ou se é honesto ou se é hipócrita. E hipocrisia neste caso seria dar umas palmadinhas nas costas e pretender ignorar aquilo que está à vista de todos. Enfim... nem sequer me vou alongar sobre o perigo da acumulação de "cargos": amigo, editor, escritor, crítico literário, às tantas poderá dar a ideia que nunca se conseguirá a isenção necessária para sequer abrir a boca. :-)

O que me parece é que o Sr. Miguel Neto confunde um bocadinho as coisas ao afirmar que o crítico literário Seixas tem de se fundamentar no que escreve aqui. Será que não entende a separação entre o profissional (pago para escrever num periódico) e o pessoal (que mantém um blogue pessoal)? É que a levar a coisa ao extremo daqui a pouco nenhuma intervenção, mesmo que oral, do Seixas poderá ser feita sem a devida fundamentação. Penso qual seria a reacção do editor (e não é preciso ir muito longe, basta ver que se prestou logo a apontar um link para outra crítica noutro blogue que lhe era favorável, na mailing-list de FC) acaso o Seixas cobrisse o livro de encómios.

Miguel N. disse...

Bom , primeiro quero dizer aqui que não pretendo continuar com esta palermice, a minha opinião é óbvia: Não acho que um crítico como o João Seixas deva, num blog de crítica literária, lançar uma opinião incrivelmente cáustica sobre um livro,( porque não foi apenas dizer qualquer coisa sobre o livro, mas sim destruí-lo completamente) sem a justificar minimamente.
Não me parece honroso, volto a dizê.lo. Eu não faria isso se tivesse um blog de crítica literária e ainda mais se fosse crítico, apenas isso. Esperaria por ter a crítica pronta e depois lançá-la-ia. Se não concordam, tudo bem!
Quanto ao Ricardo apenas lhe quero dizer que antes de afirmar as coisas deve ter a certeza do que está a dizer. Nunca mandei( mas podia ter mandado, como quase toda agente faz, presumo) nenhum link com uma crítica favorável a nenhum livro editado por mim. Foi outra pessoa que o fez, a quem eu nesse mesmo fórum por acaso até agradeci a divulgação ( como poderá ver se consultar os registos de mensagens) Agradeço portanto que retire o que disse,como, acredito, o fará. De qualquer forma, deixe-me dizer-lhe que não tenho problema nenhum ( sob pena de às vezes não concordar, outras sim ) com críticas más. Aliás , para lhe deixar isto bem claro, se o João Seixas fizer, como me disse que ia fazer, uma crítica fundamentada sobre o livro, essa mesma crítica será, com certeza, publicada no site das Edições Chimpanzé Intelectual.

Não pretendo continuar com isto, eu fiz um comentário ao post do João Seixas , ele resolveu colocar no blog dele, com direito a foto e tudo uma longa resposta. Espero que fique por aqui.

Apenas gostaria de contribuir com a Chimpanzé Intelectual para que a FC e o Fantástico pudessem ter mais um aliado em Portugal. Obviamente não é muito facil, como sabe, há que fazeer certas concessões, admito, mas isto diverte-me. A ideia é ir obviamnete melhorando aos poucos e contribuir para que cada vez mais gente tenha vontade de olhar para estas literaturas e assim ir fazendo sempre melhor. Mas gostaria pelo menos de ter algum respeito por quem se dedica a analisar livros, só isso. Deve-se sempre enquadrar o que se diz, como calculo que saiba.

Anónimo disse...

Fazendo a devida ressalva do meu engano, mas que no cerne não altera o sentido, só gostaria de frisar que não entenda o Sr. Miguel Neto estas observações como sendo um obstáculo a que continue a desenvolver a actividade dentro do género a que se dedica. Editoras assim fazem sempre falta e se por vezes se é mais crítico é precisamente para elevar a fasquia e retirar a síndrome de gueto que permeia tanto a literatura do género. Pior seria, penso eu, a indiferença. E também é fácil perceber que somos seres humanos e como tal gostamos mais de massagens ao ego do que ataques. Compreendo bem essa posição que se retira do que escreve: "Apenas gostaria de contribuir com a Chimpanzé Intelectual para que a FC e o Fantástico pudessem ter mais um aliado em Portugal. Obviamente não é muito facil, como sabe, há que fazeer certas concessões, admito, mas isto diverte-me." e que em muito menor grau também já senti na pele, mas gostaria também que percebesse a posição de quem está de fora e que gostaria também que não se entrasse em facilitismos.

O primeiro caminho para cair na mediocridade é acreditar que está tudo bem e que não é preciso melhorar. É apenas dar ouvidos aos "bons" e ignorar os "maus". É pensar que se vive em permanente estado de eu vs. o mundo. É necessário saber retirar ensinamentos da experiência e ir andando em frente com a certeza de ir sempre melhorando e como se consegue melhorar senão estando atento às vozes críticas? Decerto não é com críticas que dizem que está tudo muito bom e bonitinho que se vai chegar a esse nível de excelênci, a menos que isso já aconteça. Ora parece-me evidente a quem tenha dois dedos de testa que essa excelência ainda vem longe. Há portanto que encontrar nas negativas que vêm de fora os pontos em que é possível melhorar e penso que o Seixas (e antes dele já o Luís Rodrigues que também dificilmente se pode dizer que é um anónimo) colocou soberbamente o dedo na "ferida" ao demarcar o texto da Clara Pinto Correia como uma bofetada na cara do género e que não faz sentido nenhum figurar numa colectânea destas. Daqui é que se podem tirar lições, i.e. nem todos os nomes sonantes servem para "enobrecer" o género e alguns, sinceramente, até lhe fazem mais mal que bem.

Miguel N. disse...

Concordo inteiramente com o que disse. Aliás a excelência da Ficção Científica e Fantástico ecrita por portugueses realmente está ainda longe e isso reflecte-se na maior parte das pouquíssimas antologias de autores portugueses do género.

Quanto ao conto da Clara Pinto Correia, deixo ao vosso critério analisarem-no como quiserem, acho apenas que o João Seixas não tinha o direito de a denegrir gratuitamente, pelo que enquanto editor, senti necessidade e obrigação de a defender. Não faria o Ricardo o mesmo com um dos seus autores? As cíticas saõ importantíssimas, por olharem para um livro como um todo, imparcialmente, e não apenas para uma das partes.
Têm de ser trabalhadas, sustentadas, e no caso de uma antologia, certamente, manifestarem algum grau de comparação entre a qualidade dos textos. Acho que os livros merecem esse respeito da parte dos críticos. Concorda??
E mais, os livros devem ser enquadrados no seu devido contexto, não? Já que praticamente não existe crítica de Fc e Fntástico em Portugal, quem a faz, deve fazê-la com responsabilidade, volto a dizê-lo, pois nunca se sabe se um novo leitor desprevenido irá ser mal influenciado por uma opinião cáustica não sustentada que se escreve, muitas vezes a pensar apenas na reacção dos poucos que já nos conhecem, Concorda? Depois às vezes, na crítica as coisas tomam nuances completamente diferentes.

Quem me dera a mim que mais crítica s sérias viessem, pelo menos tinha feito alguém falar desta literatura e ceratemente aprenderia com isso.

Já agora, não vi essa referência do Luís Rodrigues. Pode-me dizer onde está? interessava-me lê-la.

Obrigado pela atenção Ricardo, e também pela ressalva, a sério.

até à próxima

Luís R. disse...

O meu comentário (que o Ricardo Loureiro fez parecer mais elaborado do que na realidade foi) resumiu-se a dizer que eu não publicaria o conto da Clara Pinto Correia num rolo de papel higiénico. Não dispondo dos dotes retóricos do João Seixas, e como aparentemente só ele é obrigado a explanar os seus pontos de vista, fiquei-me por aí.

Miguel N. disse...

ha, ok? não é a questão de ser só ele a ter que explanar as suas opiniões, vou tentar explicar mais uma vez o meu ponto de vista: A questão é a de que um crítico que gasta num blog de crítica literária vinte e tal linhas de um post oficial ( que se deu ao trabalho de publicar) a dizer mal de um livro, com direito a capa do mesmo e tudo, ainda por cima de um livro que já saiu há quase um ano, e que por acaso agora está a ter visibilidade, devia pelo menos enquadrar melhor o que disse.
Acho, sinceramente, que se pretendia dar algum destaque ao livro no blog, deveria apenas publicar a crítica, quando a tivesse feita e não uma antecipação superficial, mas muito cáustica!, da mesma. Quando a crítica sair, julgo que talvez me darão razão. Não sei, isto não é um crime de lesa pátria, muita gente o faz, o joão seixas não fugiu à regra, nem sequer penso que fez isto com alguma intenção macabra, eu apenas acho que não se deve fazer. É uma opinião.