sábado, 6 de outubro de 2007

Porque ontem foi sexta-feira...

... era dia de iniciarmos as nossas Midnight Sessions, revisitando o filme The Wild Angels (1966) de Roger Corman. O filme, um clássico de culto, foi o primeiro - e, para mim, o melhor - a explorar o fenómeno dos Hell's Angels, mercê do olho do Sr. Corman, sempre atento a matéria prima de choque e exploitation, sem descurar, se nãi um comentário, pelo menos um registo socialmente relevante. Antes de Easy Rider e os Steppen Wolfe terem feito do rock'n roll uma presença habitual nos Road Movies, a canção "Blue's Theme" de Davy Allan e dos Arrows tornou-se um sucesso nas cadeias AM. E a trilha composta por Mike Curb, arrasta os espectadores pelo sol das estradas desertas e pelas neblinas matinais do sul da Califórnia, anotando com mestria (quando logra conter uma certa tendência histriónica, bem patente no ritual pagão das exéquias de Loser) os estados de espírito dessas almas penadas do asfalto (o filme começou por se chamar, All the Fallen Angels).

Charles B. Griffith

No entanto, mais do que a direcção e a música, é o argumento de Charles B. Griffith que eleva o filme acima do mero entretenimento. Responsável pelo argumento de incontáveis clássicos de Corman, entre os quais se incluem The Little Shop of Horrors (1960), Not of This Earth (1957), A Bucket of Blood (1959), Attack of the Crab Monsters (1957) ou Death Race 2000 (1975), Chuck Griffith assinou The Wild Angels depois do seu exílio europeu (voluntário) que se estendeu de 1961-1966, anos em que manteve afastado do cinema.

Chuck Griffith faleceu no passado dia 28 de Setembro, e também por isso esta revisita a The Wild Angels seria uma homenagem a um dos mais importantes agentes da A.I.P. e, consequentemente, do cinema fantástico. Infelizmente, um problema técnico, por cuja resolução fico mais uma vez em dívida para com o incansável Luis Rodrigues que, às 3 da manhã de hoje, ainda me estava a auxiliar via google, impediu-me de formalizar essa homenagem.

Fica então prometido para a próxima sexta-feira o início destas midnight sessions. Porém, não queria deixar de lembrar Chuck Griffith, que porventura muitos terão já esquecido, mas que é o autor do célebre manifesto que Peter Fonda profere num dos momentos altos do filme (e poderia haver melhor epitáfio?):
We wanna be free! We wanna be free to do what we wanna do! We wanna be free to ride! We wanna be free to ride our machines without being hassled by The Man! And we wanna get loaded! And we wanna have a good time. And that's what we are gonna do. We are gonna have a good time... We are gonna have a party!"

Right on, Chuck! And God Speed to you...

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