E pronto, Novembro chegou ao fim e, com ele, a nossa evocação de 30 livros pertencentes à memória colectiva do fantástico em Portugal. A ideia foi revisitar alguns dos títulos que contribuíram para que duas gerações de leitores tivessem sido fisgados para a leitura de Ficção Científica, Horror e Fantasia, apesar dos defeitos inerentes às edições portuguesas e ao caos que as caracterizou durante longos anos. Penso que, no geral, foi uma viagem interessante - à parte um lamentável percalço - e gostava de agradecer o apoio de todos aqueles que publicamente, ou por comunicação privada, manifestaram o seu entusiasmo por esta iniciativa, adiantaram sugestões ou aportaram correcções em pontos onde a memória me traiu ou onde as informações não estavam disponíveis, com especial destaque para o Luís Filipe Silva (que escreveu um amável post no seu incontornável Tecnofantasia), ao António de Macedo, ao João Barreiros, ao José Simões, ao Marco Paulo dos Lopes e a todos aqueles que diariamente visitaram o Blade Runner para descobrir qual a escolha do dia.
Pessoalmente a viagem foi extremamente agradável, permitindo-me desenterrar alguns livros dos caixotes onde se encontravam à espera da aquisição de mais prateleiras, descobrir títulos que já há muito não lia ou que nem sabia que tinha na colecção. Sobretudo, permitiu-me rever algumas das capas que me tinham já fascinado ainda eu não sabia ler ou não mostrava interesse pela chamada leitura corrida.
Como este livrinho que escolho para terminar definitivamente a série, número 224 da Colecção Argonauta, tradução de THE HALLOWEEN TREE de Ray Bradbury. Nunca li este livro, o primeiro livro da Argonauta que vi na minha vida e o primeiro livro da minha colecção (quem quiser saber, o primeiro livro da Argonauta que li foi o número 283, O DIA EM QUE O TEMPO PAROU de Philip José Farmer). No entanto, quer a capa, quer a contracapa deste volume exerciam sobre mim um tal fascínio que acho que nunca li o livro por receio de não estar à altura das expectativas geradas pelas imagens. Teria uns nove ou dez anos quando encontrei o livro na prateleira do quarto de arrumos dos meus pais, e pela primeira vez experimentei aquela sensação de Sense of Wonder que ainda hoje, todos nós que lemos FC&F nos esforçamos por reencontrar.
O Blade Runner retoma agora ao seu rumo normal, com actualizações um pouco mais erráticas, mas desta feita sob um banner novinho em folha, cortesia do genial Pedro Marques. Isso não impede que voltemos a mergulhar neste nostálgico baú de memórias, mas pelo menos para já, não com esta periodicidade diária.
Mantenham-se atentos, o futuro ainda reserva algumas surpresas... tantas pelo menos, como o passado que temos vindo a explorar.
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