terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Tempus Fugit 00: Bem Vindos a 2008


Depois de muitas reticências, resolvi, em 2007, lançar-me sem rede na blogosfera. As reticências deviam-se, não só à opinião que tinha dos blogues - efémeros grafitti com que o ego de alguns bloguistas ia sarapintando o cyberespaço - como à incapacidade que tenho de encarar s coisas de ânimo leve.

Se a minha opinião original dos blogues e dos bloguistas não se alterou muito, alguns autores houve que, por uma razão ou outra, positiva ou negativa, me convenceram a experimentar: o Sonho de Newton do David Soares, o Tecnofantasia do Luís Filipe Silva, o Stranger in a Strange Land da Safaa Dib entre os primeiros; os blogues de Pedro Mexia, Francisco José Viegas e Eduardo Pitta entre os segundos, foram determinantes para a minha decisão.

Um blogue, porém, vive apenas da relação que consiga estabelecer com os seus leitores. E essa relação, como qualquer outra - intelectual ou afectiva - vive da memória constante e presente um do outro: do que escreve e do que lê.

Há uns meses atrás, circulou pela blogosfera um post do Pedro Mexia, em que este, com a habitual vacuidade bem humorada, definia os três tipos de bloggers e a relação de cada um com a necessidade de conversa. Não sei em que categoria encaixava a sua própria escrita, nem tão pouco me interessa. O eco que a sua inanidade encontrou surpreendeu-me, mas não muito. Na realidade, e na minha modesta opinião, conheço apenas dois tipos de blogues: aqueles que se levam a sério, onde os posts são pensados, onde o autor procura expor, mais do que uma opinião, uma opinião fundamentada e especializada sobre alguma coisa, e os outros.
Desde o início pretendi que o Blade Runner fosse um dos que se levam a sério: isso impõe-me responsabilidade, disciplina e muito, muito trabalho de sapa. Tal como Will Cuppy, autor do divertidíssimo The Decline and Fall of Practically Everybody (1950), não acho exagerado ter que ler cinco calhamaços para escrever um ensaio de página e meia. Isso tornou-me proverbialmente incapaz de cumprir um prazo.

Felizmente para mim, o último ano foi pródigo em solicitações na área da escrita crítica, ensaística e de ficção, o que fez que as actualizações do blogue se fossem tornando cada vez mais esparsas. Ficaram por fazer meia dúzia de críticas de volumes publicados em Portugal em 2007 e que considero de relevo, outras tantas de volumes que as editoras ou os autores tiveram a amabilidade de me enviar e outras prometidas. Ficaram por estrear as Midnight Sessions e atrasou-se a redacção da Breve História da Ficção Científica.

Os próximos meses afiguram-se pródigos em trabalho, o que imporá novas limitações à minha capacidade de actualização do blogue. Perante tal panorama, só me restavam duas opções: pôr termo definitivo ao Blade Runner, ou continuar com um ritmo incerto de actualização.

Confesso que ainda não desesperei das potencialidades do blogue como instrumento de contribuição para o Fantástico nacional, e optei por isso continuar a mantê-lo, com limitações. Assim, e pelo menos até finais de Julho, as actualizações do Blade Runner limitar-se-ão às Midnight Sessions à sexta-feira e à crítica de livros ao Domingo. Um ou outro tema actual e de relevo serão oportunamente mencionados. No mais, peço apenas aos meus eventuais leitores que não desesperem quando falhe uma das actualizações.
Um óptimo 2008 para todos vós.

4 comentários:

O Assistente disse...

Pouca participação é melhor do que nenhuma. Acredito que todos temos o sonho de actualizar diariamente os nossos próprios blogues com posts inspiradores e bem pensados, mas o ritmo frenético quotidiano intromete-se no caminho das nossas boas intenções.

Apesar de tudo, não se pode deixar de valorizar as boas contribuições, por mais erráticas que sejam, e o teu blogue foi muito bem-vindo e sei que teve impacto.

Não deixes de acreditar no teu blogue, pois acredita que acaba sempre por produzir frutos inesperados, mesmo que por vezes não pareça.

E como sei que às vezes pode ser desesperante conseguir cumprir todas as metas, desejo-te, desde já, boa sorte para todos os trabalhos que tens a fazer nos próximos tempos e só espero que não te percas no meio de tudo isso e consigas lidar com os prazos sem problemas. :)

Miguel Garcia disse...

Boa Noite e Bom ano!
Espero que o Blade Runner continue, com mais ou menos posts per mes, mas que continue, é sempre bom ler as criticas que aqui são deixadas, assim como as discussões geradas em torno das mesmas!
...E para quando o segundo volume do Projecto Candy Man?
Abraço e bom ano!

João Seixas disse...

Olá Safaa e Miguel.
Um muito obrigado pelo apoio; é sempre bom saber que temos leitores fiéis e com paciência para esperar (sobretudo leitores com mais e melhores provas dadas na blogosfera).

Quanto à minha contribuição para a trilogia A BONDADE DOS ESTRANHOS, aproveito para esclarecer aqueles que andarem mais confusos (com razão, a culpa não é deles, mas de um infeliz erro de capa, a que o João Maio Pinto me garante ser alheio), que este - A BONDADE DOS ESTRANHOS - é o nome da trilogia de que saiu recentemente o primeiro volume, O PROJECTO CANDY-MAN, do João Barreiros, e de que eu e o Luis Filipe Silva assinaremos os volumes subsequentes.

Destes, a minha modesta contribuição, A ALMA DO LOUVA-A-DEUS,deve ver a luz das livrarias (knock on wood) em finais de Março próximo.

Entretanto e enquanto esperam (ou desesperam), vão relendo o do Barreiros, que ele merece...

Miguel Garcia disse...

Bem... obrigado pelo esclarecimento, está realmente confuso, de qualquer das formas deixo aqui o post que escrevi há tempos, que tem então algumas gralhas:
Bondade dos Estranhos