domingo, 5 de junho de 2011

Domingo a 4 Cores (1): BATMAN: ARKHAM CITY #1

Não sou grande apreciador de tie-ins para videojogos, mas depois de ter sido convertido pela série DC UNIVERSE LEGENDS ONLINE, não resisti a experimentar este primeiro número de uma série limitada de cinco que visa fazer a ponte entre os jogos BATMAN: ARKHAM ASYLUM e BATMAN: ARKHAM CITY, ambos escritos por Paul Dini e com o visual a cargo de Carlos D’Anda, dupla que assina também esta mini-série. Cronologicamente situada um ano depois dos eventos descritos no primeiro jogo, BATMAN: ARKHAM CITY apresenta-nos os resultados da revolta dos prisioneiros do Asilo epónimo, quando Quincy Sharp, à data seu director e agora Presidente da Câmara de Gotham resolve apertar o cerco aos super-criminosos (e aos outros) murando metade da cidade e convertendo-a numa prisão à la ESCAPE FROM NEW YORK (John Carpenter, 1981). Como tie-in, este primeiro número cumpre a sua função de apresentar sumariamente o universo narrativo – se não mesmo demasiado sumariamente – precipitando uma catadupa de acontecimentos em ritmo verdadeiramente pulpesco: com o Joker (deliciosamente insano) uma vez mais prisioneiro de Arkham e a ser carcomido pelo lento aproximar da morte (que alguns dos responsáveis da instituição não se importariam de acelerar), encerrado numa cela a poucos metros daquela em que Harley Quinn suspira por ele, sabendo apenas que está vivo pelo louco gargalhar que ecoa pelos corredores góticos do edifício, Dini introduz-nos um par de irmãos de físico aumentado por injecções da titan formula contrabandeada para Gotham e roubada a Two-Face, e que pretendem assenhorear-se da cidade durante a inauguração do novo edifício da Câmara Municipal, numa trama que se repete vezes sem conta nas histórias de Batman, seja nos comics, seja no cinema. Obviamente, Batman intervém, desta vez equipado com botas e luvas revestidas com espuma explosiva que deflagra com o impacto da pancadaria, mas embora consiga derrotar os irmãos Trask (T&T), não consegue evitar que estes se façam explodir num martírio apoteótico que provoca trezentos mortos e a total obliteração do novo edifício. Ao chegarmos ao final deste primeiro número, todas as rodas foram colocadas em movimento, lançando uma série de ganchos narrativos que estruturarão o plot nos quatro números restantes: apercebendo-se da ameaça de morte que pende sobre o Joker, Harley desenvolve claramente um plano, e ficou mais do que óbvio que quer o mayor Sharp, quer os irmãos T&T, são marionetes de alguém que se encontra nos bastidores. Há nitidamente um sinistro arquitecto por detrás destes acontecimentos inaugurais, e a disposição das peças promete uma sequência alucinante.



Os desenhos de D’Anda, muito melhor na arquitectura do que nas figuras humanas, capturam adequadamente o ambiente da narrativa mas sem deslumbrar, e acompanham a trama encavalitada de Dini sem dificuldades de maior. Um começo interessante apesar de algo banal, prejudicado sobretudo pela tremenda concentração narrativa em tão poucas páginas. De destacar o excelente trabalho de cor de Gabe Eltaeb.

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