quarta-feira, 24 de março de 2010

Morreu Robert Culp (1930-2010)


Morreu Robert Culp. Assim, a seco, aos 79 anos, de uma queda. Até custa a acreditar. Robert Culp era um dos duros. Bolas, era um dos duros, a sério. Culp era uma presença constante na televisão, espalhando charme e carisma por uma pleiade de séries, desde a série de culto I, SPY (1965-1968), à comédia EVERYBODY LOVES RAYMOND (1996-2004). Lembro-me de o ver no cinema em HANNIE CAULDER (1971), ensinando Raquel Welch a disparar um peacemaker, mas foi na televisão, nesses longínquos anos 1980s, que me apaixonei pelas suas duas personagens mais carismáticas: um inesperado Erwin Rommel na mini-série THE KEY TO REBECCA (1985), baseada no genial romance de Ken Follet, e o agente do FBI Bill Maxwell numa das mais brilhantes séries de ficção científica (de pendor cómico), e uma das minhas séries favoritas de todos os tempos: THE GREATEST AMERICAN HERO (1981-1986). Se THE KEY TO REBECCA chegou a passar na RTP, algures em 1985 ou 1986, e não teve ainda uma digna edição em DVD (obrigando-me a comprar uma VHS americana de importação, para conseguir fazer a gravação para digital e assim substituir a minha gravação da RTL, em Alemão, que tinha entregue a alma ao criador), THE GREATEST AMERICAN HERO nunca passou na televisão portuguesa, mas fez as minhas delícias nas quentes tardes dos Verões de 1983 e 1984, graças à vizinha TVE que a passava em dose diária logo a seguir do almoço. Foram Verões mágicos, acompanhando William Katt enquanto se debatia com o fato de super-herói que os alienígenas lhe tinham entregue e do qual tinha perdido o manual de instruções, mas sobretudo, rindo-me à brava com o Bill Maxwell de Culp, infalível no aparte cínico e jocoso, destemido a entrar em acção, e com um coração de manteiga, como sempre acontece com estes gajos duros. Com a morte de Culp, morre mais um pouco da minha infância, daquilo que fui e daquilo que sonhei vir a ser. Mas morre também um pouco da nossa memória colectiva. Culp foi daqules poucos que passaram pela vida e a tornaram melhor, não só para nós, mas para todos (humanos e animais) que beneficiaram das causas pelas que deu a cara com a mesma determinação com que as suas personagens enfrentavam os perigos mais inacreditáveis.

Morreu Robert Culp. A vida é mesmo estúpida.

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