sábado, 4 de julho de 2009

Não é nada de espantar


Ainda a propósito deste meu post, voz amiga (como diria o outro dos rabanetes) chamou-me a atenção para um twit do Jorge Candeias, onde este acha "espantoso que o Seixas se queixe da ausência de edição de FC em Portugal. Dir-se-ia que ele não tem uma editora... ". O que, diga-se desde já, seria absolutamente legítimo se fosse esse o teor do meu post. Infelizmente, como pode ser lido aqui, o argumento que defendi - "Vamos, estatisticamente, a meio do ano, e nestes seis meses, não foi publicado um único livro de FC pura e dura, assumido como tal e destinado a um público leitor desse género. Isso porque, pura e simplesmente, não existe um público leitor, em números suficientes, para injectar vitalidade ao mercado editorial de Ficção Científica." - foi precisamente o desaparecimento do público leitor de FC. Coisa de que me convenci a propósito da minha actividade de editor na Livros de Areia, e de colaborador de outras editoras nacionais como a Presença, a Saída de Emergância e a Chimpanzé Intelectual.

Ideia que reforcei em comentário ao mesmo post, referindo a propósito da BANG! que "há aqui uma lógica perversa, que leva a que a BANG! seja objecto de milhares de downloads (que certamente não serão todos lidos, mas enfim) mas não se consiga aguentar em formato impresso, ainda que por um preço módico".

Ora, parece-me evidente que uma leitura minimamente atenta permitiria apreender isso: as editoras não apostam na FC, porque não existe um público leitor que recompense essa aposta. Mas é claro que o Candeias sempre foi um leitor de viés no que concerne ao que se escreve neste blogue e no que se escreve que seja contrário à perspectiva muito peculiar e subjectiva que tem do mercado. Uma perspectiva que eu gostava de ver confirmada, mas que me convence de que o Candeias tem um reduzida capacidade de interpretação dos gostos do público leitor nacional.

O que seria grave, se ele não se tivesse praticamente desligado do mercado. Quero, por isso, acreditar que este incidente foi apenas um daqueles casos fortuitos de twit for twat. O que não é, evidentemente, é de espantar...

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