quinta-feira, 16 de julho de 2009

Há 40 anos atrás...



Quando forem 14:32, hora de Lisboa, cumprir-se-ão quarenta anos sobre o momento em que teve início a mais fantástica viagem alguma vez realizada por um ser humano. E mesmo volvido todo este tempo, a dimensão do feito continua a ser impressionante. É impossível ver as imagens do portentoso Saturn V a erguer-se, trôpego, da plataforma de lançamento A-19, envolto numa nuvem de gases e chamas e fumo, soltando um rugido cuja amplitude é perceptível pelo estremecimento abafado dos receptores e gravadores, e não ponderar o quão implausível parece tudo aquilo. É impossível não nos sentirmos assoberbados pela excelência científica, tecnológica e essencialmente humana que permitiram tal ousadia.



Há momentos que entram instantaneamente na História; momentos que não carecem do imprimatur da retrospectiva futura, que desdenham o debate, a avaliação, o contexto. Seriam muitas as vertentes possíveis da discussão: económica, política, estética, científica, cultural... Mas nenhuma delas, nenhum argumento, nenhuma racionalização pode apagar o facto em si mesmo. Fossem quais fossem os motivos, os custos, as desvantagens, o feito em si foi o maior que a espécie humana alguma vez realizou. Tanto quanto sabemos, nenhuma outra espécie no universo foi capaz de igual feito. Não o digo com a soberba de um humanismo serôdio, de um antropocentrismo cego, mas como medida da dificuldade do desafio. To put a man on the Moon before the decade is over and bring him home safely, como Kennedy o definiu da forma mais simples possível. Nada podia ser mas directo e claro, como observou Michael Collins no magnífico documentário IN THE SHADOW OF THE MOON (2006): fazer o quê? Colocar um homem na Lua. Quando? Antes da década terminar. Wham Bang, thank you spaceman!



A missão Apollo 11 mudou para sempre o rosto da Humanidade. Armstrong, Aldrin e Collins foram embaixadores de seis biliões de pessoas, foram actores de um dos mais antigos sonhos da humanidade; mais do que representantes, foram avatares de todos nós, foram personagens da ficção científica que atravessaram a barreira da ficção para a realidade. Vendo e revendo as fotografias da época, vendo uma e outra vez os filmes do lançamento, não me canso de vasculhar os rostos das pessoas que se acotovelavam nas praias em redor do Kennedy Space Center para admirar o lançamento. E não deixo de me sentir fascinado pelas expressões dos rostos de adultos e crianças unidos numa comunhão facial de eterna juventude e emaravilhamento.

Durante os anos mágicos do Programa Apollo, a Humanidade pode espreitar o mundo e o universo pelo olhar fascinado de uma criança. Nunca mais a Humanidade foi tão jovem.

Fotos: NASA

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